NO CÉU DA PÁTRIA NESSE INSTANTE oferece um registro próximo dos meses turbulentos do período eleitoral que culminaram na invasão do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF em 8 de janeiro de 2023. Por meio do olhar e da vivência de personagens envolvidos no processo eleitoral, o filme mergulha em um Brasil de tensão e expectativa, onde coexistem realidades paralelas que têm dificuldade de se enxergar mutuamente. “Não é apenas sobre o período eleitoral, é também sobre todo o medo e tensão que estavam contidos naquele momento, as realidades paralelas e as fake news”, destaca Kogut.
Produzido pela Ocean Films, Marola Filmes e Kiwi Filmes, em co-produção com Globo News, Globo Filmes e Canal Brasil, o filme tem distribuição da O2Play. A obra acompanha uma série de personagens de vários pontos do espectro político ao longo do ano. Kogut busca retratar como essas figuras, que desempenham papéis diferentes no processo político, lidam com as tensões, dificuldades, angústias e ansiedades do ano eleitoral. O filme conta ainda com a participação especial de Antonia Pellegrino.
“Geralmente, nessas situações olhamos para quem está no centro da imagem, no centro do poder: os candidatos. Mas e os que estão ali do lado? No fundo? Junto? Sem eles, o processo não existe. Eu queria esses olhares. Tanto que algumas imagens de momentos marcantes, como o dia da posse, vemos por um ângulo que não foi aquele das imagens oficiais. A visão dessas pessoas que não estão habitualmente no centro sempre me interessou. No processo eleitoral, é impressionante ver quanta gente trabalha, se dedica, se envolve. É o esforço máximo da democracia”, afirma Sandra Kogut.
O longa também destaca voluntários que trabalham nas eleições, protagonistas do processo democrático, revelando aspectos frequentemente ignorados pela mídia, como o funcionamento das urnas eletrônicas. “Sabia que era um momento importante para nós brasileiros, com tantas questões sérias em jogo. São coisas que iremos querer olhar novamente ao longo dos anos, talvez até explicar no futuro, para nossos filhos, o que foi esse momento que, às vezes, parecia tão absurdo. Pensava: coitado dos professores de história no futuro”, reflete Kogut.
Com personagens espalhados por várias cidades, incluindo Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Anajás (na Ilha de Marajó), Belém e Curitiba, a diretora explica que a internet foi uma ferramenta crucial nas filmagens do documentário. “A gente filmou ao longo de muitos meses e construímos uma relação de confiança, sem a qual o filme não teria existido. Muitas vezes, falei com eles por Zoom, que me permitiu entrar numa relação mais próxima, direta, de um pra um. No dia 8 de janeiro, por exemplo, falei com vários personagens ao mesmo tempo, enquanto as invasões aconteciam. Isso teria sido impossível se tivéssemos que ir com uma equipe. Era importante ter um dispositivo de filmagem que fosse híbrido e flexível para lidar com a imprevisibilidade do momento. A gente vivia com o coração na boca, sem ideia do que ia acontecer.”
Kogut define que o cinema é sempre um olhar, uma maneira de estar no mundo e, naquele momento tão conturbado, teve a sorte de estar fazendo um filme, que é uma forma rica, complexa e intensa de atravessar um momento tão extremo. “Quando vejo o filme, revivo muita coisa, como acho que isso vai acontecer com todo mundo. Vendo o filme, cada um vê também seu próprio filme que passa na cabeça. Fico feliz que tenha conseguido chegar ao final desse filme, que ele exista hoje e que possamos mostrar.”
Sinopse: Rodado ao longo do ano de 2022, o filme acompanha de perto os meses turbulentos do período eleitoral que culminaram na invasão do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF, no dia 8 de janeiro de 2023. Através do olhar e da vivência de alguns personagens envolvidos no processo das eleições, mergulhamos num Brasil de tensão e expectativa, onde coexistem realidades paralelas que têm dificuldade de se enxergar mutuamente. Um registro de um momento na história do país em que a democracia esteve seriamente em jogo.