Revista Poder

Poder Saúde: Ruídos persistentes no ouvido podem afetar, ou serem afetados, pela saúde mental

Questões emocionais como estresse, ansiedade e depressão, podem agir como um gatilho para o zumbido; ou podem surgir como um efeito desse sintoma.

O zumbido crônico, descrito como a percepção de um som constante no ouvido sem uma fonte sonora externa, que pode ser percebido como apito ou chiado nos ouvidos, é muito além de um sintoma auditivo e pode ser influenciado, ou influenciar, outros fatores físicos e emocionais. “Essa condição pode surgir após um período de maior ansiedade, depressão e estresse; ou no caminho contrário, quando o zumbido leva a esses diagnósticos. Em todos os casos, é necessário realizar uma investigação clínica para entender quais são os fatores contribuintes e como combatê-los”, explica a Dra. Nathália Prudencio, médica otorrinolaringologista, especialista em tontura e zumbido. “Apenas um em cada dez pacientes apresenta o zumbido como um incômodo importante. Nessas pessoas, o sintoma pode ser um fator determinante para o surgimento ou agravamento de transtornos do humor, como a ansiedade e a depressão”, afirma. “Entretanto, não podemos afirmar que fatores emocionais, isoladamente, são capazes de desencadear o sintoma. Na maioria das vezes, o fator emocional funciona como um gatilho para o surgimento ou agravamento do zumbido no ouvido no paciente, que normalmente tem vários outros motivos para tê-lo”, completa.

Dra. Nathália Prudencio

De acordo com a especialista, é necessário investigar essa possível relação, de forma que seja considerado o impacto do zumbido na saúde mental e o impacto da saúde mental em pacientes com o sintoma auditivo. “Quando discutimos a relação entre zumbido no ouvido e ansiedade, precisamos analisar a questão por esses dois ângulos: como a ansiedade afeta o zumbido e como o zumbido afeta a ansiedade”, afirma. “Na maior parte dos casos, o que observamos é que os fatores emocionais influenciam diretamente a percepção do paciente sobre o zumbido e as características do zumbido em si, como o aumento da intensidade do som ou mudanças na sua frequência.

Além disso, essa condição também pode estar ligada a questões físicas e cognitivas. “Pacientes cujo zumbido está relacionado à disfunção temporomandibular que inclui alterações na articulação temporomandibular ou em músculos mastigatórios, por exemplo, podem experimentar uma piora do sintoma em momentos de tensão, pois esse estado pode gerar maior apertamento dentário e contraturas musculares próximas ao ouvido”, complementa. “Pessoas com mordida errada, bruxismo ou que realizaram procedimentos dentários também podem apresentar zumbido no ouvido pelo mesmo motivo.”

O zumbido crônico também pode levar a impactos cognitivos, afetando funções como memória, atenção e capacidade de concentração. Esses diagnósticos podem estar ligados à tentativa constante de ignorar o ruído auditivo, segundo a médica.

A médica também ressalta que, para algumas pessoas, o ruído pode ser entendido como algo inofensivo e pouco relevante; enquanto para outras, pode ser um enorme tormento, mesmo quando suas características são muito semelhantes.

Tratamentos

Para obter um diagnóstico confiável, é fundamental consultar um otorrinolaringologista ou um otoneurologista (otorrino especialista em zumbido e tontura). Hoje em dia, existem tratamentos para todos os tipos de zumbido e é fundamental compreender o seu quadro para que as medidas necessárias sejam tomadas e o sintoma deixe de ser uma preocupação em sua vida.

Especialistas estão trabalhando em novas abordagens terapêuticas, como a estimulação do nervo vago transcutâneo (taVNS). “Esse método costuma trazer resultado como uma estratégia para diminuir o impacto gerado pelo zumbido e o incomodo que os pacientes têm com ele, mas geralmente precisa ser associado a outras medidas e deve ser avaliado caso a caso”, pontua a Dra. Nathália.

Além disso, a médica explica que intervenções alternativas baseadas em terapia cognitivo-comportamental (TCC), com uma adaptação específica para esses casos, também são trabalhadas. “Essas intervenções buscam reduzir a a intensidade e a percepção do zumbido e ensinar aos pacientes algumas técnicas de manejo de estresse e estratégias de enfrentamento que podem ajudar a quebrar o ciclo de ansiedade e depressão associados à essa condição; isso resulta em uma abordagem de tratamento mais integrada e multidisciplinar”, completa. “Na maioria das vezes, existem vários outros problemas por trás dos sintomas e a crença de que tudo não passa de um desequilíbrio emocional faz com que muitas pessoas negligenciem a investigação médica”, afirma. “Podemos concluir que há sim uma relação entre zumbido e a saúde mental, mas não podemos afirmar que questões como estresse e ansiedade, isoladamente, são capazes de desencadear este tipo de quadro. Normalmente, o paciente apresenta vários outros motivos para ter o sintoma, sendo as manifestações emocionais, fatores associados. Se você sofre com zumbido no ouvido, não deixe de buscar ajuda médica”, conclui a Dra. Nathália Prudencio.

FONTE:*DRA. NATHÁLIA PRUDENCIO: Médica otorrinolaringologista, especialista em tontura e zumbido. Fez especialização e mestrado em otoneurologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Com foco no diagnóstico e tratamento de distúrbios do equilíbrio e transtornos auditivos causadores de zumbido, a médica possui título de especialista em Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF). Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fez residência Médica em Otorrinolaringologia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). CRM-SP 203299 | Instagram: @dranathaliaprudencio

Esse texto foi produzido pela Holding Comunicações, assessoria de imprensa especializada em saúde, beleza e bem-estar com 30 anos de experiência no setor.

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