Conhecida como falência ovariana prematura ou insuficiência ovariana prematura, a menopausa pode surgir de forma antecipada na vida de algumas mulheres. Quando diagnosticada antes dos 45 anos, é considerada precoce; já quando ocorre antes dos 40, é chamada de menopausa prematura. “Em todos os casos, o período é definido pelo encerramento do ciclo menstrual da mulher e, mesmo quando vem antes da hora, carrega todos os sintomas físicos e emocionais dessa transição. Entre eles, é possível destacar ondas de calor, sudorese noturna, alterações menstruais, mudanças de humor, irritabilidade, insônia, fadiga, entre outros. Muitas mulheres nessa fase podem não ter o parâmetro da menstruação por usarem DIU ou por já não terem útero”, afirma o ginecologista Dr. Igor Padovesi, um dos raros especialistas em menopausa no Brasil, certificado pela North American Menopause Society (NAMS) e membro da International Menopause Society (IMS). “A grande e principal questão é que, se não tratada com a terapia hormonal correta, a menopausa precoce aumenta os riscos de infarto, derrame e doenças cardiovasculares”, enfatiza o médico. “Além disso, pode impactar mulheres que ainda querem engravidar. A menopausa inviabiliza que a mulher engravide naturalmente com óvulos próprios, embora ela ainda possa ser mãe, engravidando com óvulos doados e técnicas de reprodução assistida”, acrescenta o médico.
Nesses casos, segundo o ginecologista, é necessário se basear nos sintomas e nas dosagens do hormônio folículo-estimulante (FSH), que alteram drasticamente. “Durante a transição menopausal, os níveis hormonais oscilam, e nesses casos, é necessário realizar algumas dosagens para ter certeza do diagnóstico, principalmente se a mulher não tiver o parâmetro da menstruação”, complementa o especialista. “O aspecto mais importante a destacar é que as causas não são bem conhecidas e, na grande maioria dos casos, não se identifica uma causa definida. É um evento aleatório na população feminina, em que algumas mulheres perdem a função do ovário mais cedo.”
Alterações clínicas e riscos
O Dr. Igor Padovesi explica que, na menopausa precoce, ocorre o fim da produção de estrogênio pelos ovários. Esse hormônio, fundamental para a preparação gestacional no ciclo ovulatório, também afeta diretamente as funções emocionais. Além disso, a falência ovariana prematura contribui diretamente para o aumento da taxa de mortalidade de mulheres. Conforme apontado pelas diretrizes mundiais da área, quando não há tratamento, o declínio hormonal da menopausa prematura aumenta significativamente os riscos de doenças cardiovasculares, como o infarto. “Há também outras possíveis consequências, como o risco de fragilidade óssea, piora da qualidade de vida e síndrome geniturinária, que leva a ressecamento, atrofia, dor, desconforto, sintomas genitais e urinários. Um motivo absoluto pelo qual a terapia hormonal é obrigatória se dá pelo aumento do risco de mortalidade nos casos em que a menopausa precoce não é tratada”, reitera o médico.
O problema é que esses sintomas nem sempre são diagnosticados como menopausa. De acordo com pesquisas recentes, no mundo, somente 20% dos programas de residência em obstetrícia e ginecologia oferecem algum treinamento sobre o tema, enquanto 80% dos residentes médicos relatam se sentir “pouco confortáveis” para discutir ou tratar a menopausa. “Atendo mulheres que chegam até mim depois de passarem por vários profissionais que não trataram a menopausa prematura, o que é meio absurdo, mas ainda muito comum.” Uma revisão da Universidade de Yale com mais de 500.000 mulheres em vários estágios da menopausa afirma que, embora 60% das menopausadas tenham sintomas significativos e procurem atendimento médico, quase três quartos delas não recebem um tratamento adequado.
Tratamentos
Segundo o ginecologista, é importante estar atento aos sinais e sintomas da menopausa precoce ou prematura e buscar tratamentos adequados para prevenir o surgimento de outros problemas de saúde decorrentes do diagnóstico tardio. Ele também enfatiza a existência de diversas alternativas para aliviar os sintomas. “A base do tratamento é a terapia hormonal com estrogênios, preferencialmente por uma via de aplicação não oral, como o gel transdérmico. A progesterona é o outro hormônio que compõe a terapia hormonal, visando manter os níveis de hormônios femininos em valores próximos aos encontrados durante a vida reprodutiva da mulher. São tratamentos bastante seguros, desde que monitorados por um médico regularmente. Existem também possíveis tratamentos adjuvantes, como dietas, fisioterapia, higiene mental, atividade física, meditação, entre outros. O diagnóstico e o tratamento corretos são fundamentais para a qualidade de vida e longevidade saudável”, finaliza o médico.
FONTE: DR. IGOR PADOVESI: Médico Ginecologista, especialista em menopausa, certificado pela North American Menopause Society (NAMS) e membro da International Menopause Society (IMS). Formado e pós-graduado pela USP, onde foi preceptor da Disciplina de Ginecologia, é ex-instrutor dos cursos de pós-graduação e outros cursos da área de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Albert Einstein e membro do corpo clínico do mesmo hospital. Associado à Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), da qual fez parte da Diretoria de Comunicação Digital (2016-2019). Também é membro sênior da European Society of Aesthetic Gynecology (ESAG) e doutorando com projeto na área de cirurgias íntimas. Em 2024, conquistou o prêmio internacional com o 1º lugar no Congresso Mundial de Ginecologia Estética na Colômbia, com trabalhos científicos sobre ninfoplastias. Instagram: @dr.igorpadovesi.
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