Revista Poder

Tempo seco pode aumentar riscos de trombose e outros problemas vasculares, diz especialista

Condições climáticas podem impactar diretamente na saúde vascular, especialmente nas pessoas mais propensas a desenvolver trombose e outras doenças do sistema circulatório

Nos últimos meses, o Brasil tem enfrentado uma das temporadas mais secas dos últimos anos, trazendo preocupações não apenas em relação à saúde respiratória, mas também à saúde vascular. “O tempo seco pode ter um impacto direto no nosso sistema circulatório, aumentando o risco de problemas como a trombose. Essa condição é categorizada pela formação de coágulos sanguíneos em veias ou artérias, que podem bloquear a circulação e causar complicações graves, como embolia pulmonar, quando o coágulo se desloca para os pulmões, ou AVC, caso afete o cérebro”, afirma a Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). “Durante os períodos de clima seco e baixa umidade, o corpo perde mais água do que o habitual, o que pode resultar em desidratação, que, como consequência, aumenta a viscosidade do sangue, ou seja, ele se torna mais denso e com maior propensão a formar coágulos”, acrescenta. “Além disso, a desidratação também afeta a elasticidade dos vasos sanguíneos, dificultando ainda mais a circulação adequada.”

Grupos de risco – Segundo a Dra. Aline Lamaita, pessoas que já possuem predisposição para problemas vasculares, como portadores de varizes, pacientes em recuperação pós-cirúrgica, gestantes, idosos e indivíduos que passam longos períodos sentados (seja em voos ou trabalhando em escritório), precisam redobrar a atenção durante o tempo seco. “Esses grupos são mais vulneráveis a desenvolverem trombose venosa profunda (TVP), que afeta principalmente os membros inferiores.” Por mais que esses grupos sejam mais propensos a ter complicações em decorrência das condições climáticas, a Dra. aponta que estar atento aos sinais é recomendado para qualquer pessoa, mesmo sem histórico de problemas vasculares. “Em todos os casos, é recomendado que a população esteja atenta aos sinais de trombose, como: dor, inchaço, vermelhidão e aumento da temperatura nas pernas. Em casos mais graves, a falta de ar súbita pode indicar complicações como embolia pulmonar.”

Atividade física – Outro ponto que contribui para o aumento de problemas no sistema circulatório, durante os períodos de climas mais secos, é a redução de exercício físico. “Em dias de temperaturas elevadas, as pessoas tendem a se movimentar menos e a passar mais tempo em ambientes fechados, contribuindo para o sedentarismo, fator que favorece a estase sanguínea (redução do fluxo sanguíneo), outro elemento que pode culminar na formação de trombos”, complementa a Dra Aline. “Por outro lado, atletas e praticantes de esportes tendem a exagerar nos exercícios sem considerar as condições climáticas, podendo causar, além da desidratação, distúrbios hidroeletrolíticos (perda de quantidade significativa de líquidos corporais e, consequentemente, de eletrólitos). Então, eles podem ter mais complicações relacionadas à parte vascular, também.”

Formas de prevenção

Existem diversas formas de evitar as complicações vasculares que podem surgir como consequência do tempo seco. Entre as principais formas de prevenção, deve-se destacar:

“Outras medidas simples também devem ser tomadas, como evitar atividade física ou ambientes muito abafados em horários de pico de temperatura, evitar exposição ao sol, e, sempre que possível, utilizar umidificador”, complementa a Dra Aline Lamaita. “Mas a chave é a hidratação, o mais importante é beber água constantemente.”

Acompanhamento médico

O tempo seco é uma ameaça silenciosa à saúde vascular, que muitas vezes não recebe a atenção devida. Mas, com as medidas preventivas simples, é possível minimizar os riscos. Manter-se hidratado, ativo e atento aos sinais do corpo pode fazer toda a diferença para evitar complicações como a trombose. “Pessoas com fatores de risco devem consultar regularmente um especialista em cirurgia vascular. O diagnóstico precoce e o tratamento preventivo podem evitar complicações graves e garantir uma vida mais saudável, mesmo em tempos de clima seco”, finaliza a Dra. Aline Lamaita.

FONTE: *DRA. ALINE LAMAITA: Cirurgiã vascular, Dra. Aline Lamaita é membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine, a médica é formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2000) e hoje dedica a maior parte do seu tempo à Flebologia (estudo das veias). Curso de Lifestyle Medicine pela Universidade de Harvard (2018) e pós-graduação em Medicina Integrativa e Longevidade saudável. A médica possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. RQE 26557. Instagram: @alinelamaita.vascular

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