Plantações permanentes, como café, açúcar e laranja, poderão sentir os impactos dos incêndios e da seca
Os incêndios e a seca que atingem várias partes do Brasil poderão encarecer os alimentos a partir de setembro. O mês já é conhecido pela elevação dos preços por conta da mudança de estação.
De acordo com a CNN, especialistas afirmaram que é difícil mensurar os impactos do cenário climático atual. Entretanto, plantações permanentes, como café, laranja e açúcar, e da região Centro-Oeste e Sudeste, sentirão os maiores efeitos.
A onda de calor que atinge o Brasil atualmente é considerada a mais intensa da história, segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden). Além disso, os efeitos da seca auxiliam para o risco das queimadas. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), houve o registro de mais de cinco mil focos de incêndio em 24 horas encerradas na manhã desta terça-feira (10).
Efeitos nas produções
Para Felippe Serigatti, pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV Agro, o risco é maior para as safras que acontecem no ano todo. “As principais são a cana-de-açúcar, com reflexo no açúcar refinado e etanol, e que já vemos acontecer. Depois vem o café e a laranja, tanto a fruta quanto o suco da fruta. O prejuízo tende a ser maior porque independente da época de colheita ou plantação, elas são contínuas durante todo o ano”, afirmou o pesquisador. Mais da metade da cana-de-açúcar produzida em território brasileiro vem de Minas Gerais e São Paulo.
Enquanto isso, a laranja tem 85% de sua produção centrada no cinturão citrícola, que inclui os dois estados. Além disso, Sílvio Isoppo Porto, diretor-executivo de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), afirmou que a laranja é a fruta que pode adquirir os maiores problemas por conta da massa de ar quente que atinge a maior parte do Brasil. Esse fenômeno provoca estresse hídrico nos pomares e compromete a qualidade dos lotes.
Segundo Serigatti, o impacto pode atingir as hortaliças, porque a região Centro-Sul (Sudeste, Sul e Centro-Oeste) é uma grande produtora e uma das mais afetadas pelos incêndios. “É super razoável a gente imaginar que haverá impacto nos preços dos alimentos devido essas condições ambientais”, destaca.