João Côrtes é um artista multifacetado que tem conquistado espaço e reconhecimento em diversas áreas das artes. Seja no teatro, no cinema, na TV, no streaming ou na música, sua presença é marcante. São mais de dez longa-metragens, novelas, curtas, séries e diversos espetáculos teatrais, além de premiações em festivais ao redor do mundo.
Seu trabalho mais recente foi na série ”Encantado’s”, do Globoplay, que está se encaminhando para a 3ª temporada. No streaming, em 2021, o artista participou da série “Passaporte para Liberdade”, na qual interpretou um soldado nazista que acabara de voltar da guerra e enfrentava um estresse pós-traumático. Também estreou na série “Rio Connection”, produzida pela Globoplay/Sony, ao lado de grande elenco, onde também atua em inglês.
No teatro, em 2023, João estreou o monólogo “Invisível”, no Fita – Festival Internacional de Teatro de Angra dos Reis. O espetáculo, que se debruça nas complexidades de um relacionamento abusivo entre dois homens, esteve em cartaz em São Paulo. E , em breve, a peça irá estrear uma nova temporada no Rio de Janeiro.
Já no cinema, João escreveu o longa-metragem “Nas Mãos de Quem Me Leva”, e, em 2019, produziu e dirigiu o filme, de forma 100% independente. No mesmo ano, ele escreveu o roteiro do curta-metragem LGBTQIAP+ “Flush”, no qual também atuou como ator, ao lado de Nicolas Prattes. O curta foi dirigido pelo diretor Diego Freitas. Ambos os filmes foram premiados em festivais ao redor do mundo, incluindo prêmios de roteiro, direção e atuação.
Nascido em uma família de músicos, ele toca bateria e piano, além de cantar. Em 2018 participou do reality show musical “Popstar”, da Globo, o qual foi vice-campeão. O programa deu a oportunidade de João se apresentar como cantor para o grande público. Um ano depois, se tornou apresentador da atração ao lado de Taís Araújo.
E não é somente na atuação e música que João mostra sua arte, a moda é um importante movimento artístico para o ator. Para Côrtes, a moda vai além da necessidade cotidiana, sendo uma extensão de sua personalidade. Com uma abordagem ousada e sem medo de romper barreiras, ele posou para as lentes do fotógrafo Gabriel Marques, neste ensaio inédito.
Com projetos em diversos palcos, João Côrtes se consolida cada vez mais como artista plural. Neste bate-papo exclusivo o ator comenta sobre sua atuação nessas áreas e como a arte faz parte da sua vida desde cedo.
João, você está presente tanto na TV, quanto no streaming, no teatro e no cinema. Quais são os maiores desafios em cada uma dessas plataformas?
Cada plataforma me desafia de um jeito diferente, e eu amo poder vivenciar isso no meu trabalho. No teatro, a conexão com o público é direta, o que exige bastante concentração e energia. Na TV, tem muitas cenas para gravar, o ritmo é mais acelerado e você precisa estar preparado. No cinema, as produções são bem detalhadas, a preparação pode durar muito tempo, o que demanda foco também. No streaming, por ser uma plataforma recente, estamos nos adaptando às entregas e entendendo a lógica. Ser ator me permite transitar por esses lugares e descobrir as particularidades. Isso é mágico!
Como está o início das gravações da 3ª temporada da série “Encantado’s”? Quais são as expectativas para o seu personagem?
Ainda estamos na fase de leitura, de reconexão com o elenco e de entender nossas novas histórias. Essa série é um presente, um projeto maravilhoso do Globoplay. Trabalhar ao lado de grandes atores em uma história tão especial é o que me encanta nesse trabalho. Aprendo muito com o meu personagem Celso Tadeu e trago muitas coisas para essa construção. Estou muito ansioso para conhecer os novos caminhos que a série vai ganhar.
Recentemente, você esteve em cartaz em São Paulo com o monólogo “Invisível” que trata da história de um relacionamento abusivo entre dois homens. Pra você, qual é a importância de abordar esse assunto no teatro? E quais são os planos para a peça?
Eu acho muito importante colocar questões sociais no palco, sobretudo questões que provocam reflexões, que sejam tabus na sociedade. Quando li o roteiro do meu amigo Moisés Bittencourt fiquei com muita vontade de interpretá-lo, nunca tinha feito um monólogo e esse texto me tocou. Falar sobre relação abusiva do ponto de vista de um casal homoafetivo ajuda a trazer visibilidade para essas pessoas e, acima de tudo, consciência de que isso é uma realidade. Depois de passar alguns meses em São Paulo, estamos com planos para levar essa peça para o Rio de Janeiro. É uma história que merece ser contada!
Ao longo de sua carreira você viveu diversos papéis. Existe algum personagem que você sonha em interpretar?
Eu amo contar histórias que toquem as pessoas de alguma forma, isso me encanta no meu trabalho como ator. Quero estar em projetos audaciosos que me desafiem, que tenham o poder de transformar as pessoas. Quero trabalhar com artistas que admiro em papéis que me atravessem. Acho que esses são os meus sonhos em relação aos personagens que ainda quero viver.
Além de atuar você é cantor. Já pensou em unir essas duas paixões em um projeto?
Cantar está na minha vida desde sempre, então, sempre que posso exercer meu lado musical é muito especial. Nasci em uma família de músicos, aprendi a tocar bateria com 11 anos e aos 15 comecei a estudar piano e canto. Já fui vocalista da banda de Jazz “8doBem”, e fui vice-campeão do reality musical Popstar, da Globo. Durante a 2ª temporada de “Encantado’s”, meu personagem viveu um musical em um dos episódios, que teve canto e dança. Confesso que a dança foi algo novo para mim, mas foi ótimo desenvolver essa habilidade, já acrescentei no meu repertório corporal e quero continuar aprimorando. Me diverti bastante nas filmagens. Eu adoraria fazer um musical, por exemplo.
Qual foi o papel ou projeto que mais marcou sua trajetória até agora? Por que ele foi tão especial para você?
Todos me marcam e têm um lugar especial no meu coração. Mas, posso mencionar um personagem que me transformou muito. O soldado alemão nazista Wilfred Schwartz na minissérie “Passaporte para Liberdade”, coprodução da Globo com a Sony. Me preparei muito para esse trabalho. Me dediquei e mergulhei profundamente naquele universo totalmente diferente. Estudei o sotaque alemão em inglês, estudei os gestos, a cultura. E foi muito gratificante.
Falando sobre moda, como define seu estilo?
Meu estilo mistura peças tradicionalmente masculinas e femininas, como ternos e vestidos, criando combinações únicas que celebram a individualidade. Acredito na liberdade de se vestir sem as restrições impostas pelas normas de gênero. Vestir-se é uma forma de arte, e a arte não deve ter limites. Para isso, tenho me inspiro em diversos artistas, estilistas e designer, como os brasileiros Jay Boggo, João Pimenta e Airon Martin, além do cantor britânico Harry Styles e do ator americano Billy Porter.
Créditos:
Direção de Arte: Lucas Rossi
Produção: ODMGT
Fotografia: Gabriel Marques
Styling: Guilherme Alef
Beauty Artist: Vanessa Sena
Produção Executiva: André Faria & Clara Raimondo