“O que vocês estão me trazendo aqui é o exemplo de que é possível a gente virar esse país de ponta cabeça e fazer da educação a coisa mais importante desse país. Nós queremos que o mundo inteiro saiba que crianças brasileiras estudam, vencem na vida e que o Nordeste não é mais símbolo do atraso. O Nordeste pode ser símbolo do desenvolvimento e da educação”, afirmou o presidente.
Lula enfatizou a importância de replicar em todo o país as ações desenvolvidas nas escolas que atingiram nota 10 no Ideb. “Agora, nós temos a tarefa de pegar o que acontece de fato dentro de uma escola como a de vocês, que motiva vocês a virarem nota 10. E o que acontece nas escolas de vocês, nós precisamos garantir que aconteça em todas as escolas desse país”, disse o presidente.
“O ideal é que a gente crie um sistema de funcionamento e de relacionamento que a criança levante de manhã tendo desejo, prazer e vontade de ir para a escola. A escola tem que ser um ponto de atração para que as crianças sintam vontade de ir”, complementou Lula. O presidente também pontuou que o papel de cuidar dos ensinos fundamental e médio é dos governos municipais e estaduais, respectivamente, cabendo ao Governo Federal cuidar do ensino superior. No entanto, salientou que seu governo tem preocupação com todos os níveis educacionais, da creche até a universidade.
PARCERIA — O ministro da Educação, Camilo Santana, destacou a importância do regime de colaboração com os estados e municípios. “As 21 escolas que tiraram 10 são todas do Nordeste brasileiro, são de Alagoas, Pernambuco e Ceará. Mas nós queremos que todos os estados do Brasil tenham também escola nota 10. Esse é o esforço em que nós estamos trabalhando”, declarou.
De acordo com o ldeb, o país alcançou 6 pontos nos anos iniciais do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano), atingindo a meta nacional estabelecida para o primeiro ciclo do indicador (2007-2021). Nos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano), o Brasil alcançou 5 pontos e o ensino médio registrou 4,3 pontos, ficando abaixo das metas do indicador para o país nessas etapas, que era de 5,5 e 5,2, respectivamente.
Considerando os resultados do indicador, Camilo Santana pontuou o problema do abandono escolar, ao citar que 68 bilhões de brasileiros não concluíram a educação básica, que vai até o ensino médio, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Por isso, nós criamos um programa de compromisso nacional de crianças alfabetizadas na idade certa. A experiência começou no Ceará, o que nos trouxe ao Ministério da Educação. E todos os estados já aderiram”, disse o ministro.
O programa abrange investimentos em material didático, formação de professores e em espaços de leitura. “Fizemos um pacto com governadores, com os prefeitos, para ver se até 2030 a gente pode chegar no mínimo a 80% das crianças no segundo ano do ensino fundamental totalmente alfabetizadas”, assinalou o presidente.
“Todos os estudos demonstraram que quando a criança aprende a ler e escrever na idade certa, garante a permanência dela na escola, reduz a distorção idade-série, reduz o abandono e a reprovação”, explicou Santana. Em outra ponta, para enfrentar os desafios do ensino médio, o Governo Federal investe em programas como o Pé-de-Meia, destinado a promover a permanência e a conclusão escolar de estudantes no ensino médio. A previsão é atender quase 4 milhões de alunos em 2024, com uma poupança de até R$ 9,2 mil ao longo de sua trajetória nessa etapa de ensino.
ALUNA DE ESCOLA NOTA DEZ — Ana Catarina Rodrigues Feitosa Siqueira, 10 anos, é aluna da Escola João Evangelista da Cruz, no município de Cruz, no Ceará. A escola, que registrava nota 6.0 no Ideb em 2011, alcançou a nota 10 em 2023. Ana Catarina diz que o sucesso da sua querida escola tem um ingrediente fundamental: o carinho dos professores ao ensinar as crianças. Emocionada, ela contou sobre a professora Ayla, uma de suas favoritas. “É uma professora muito importante, porque trata os alunos com carinho, entende a situação de cada um. Ao mesmo tempo, também é psicóloga, escuta nossas conversas e dá conselhos. É uma professora incrível. Ela sempre terá um lugar separado no meu coração, porque eu amo muito ela”, contou a aluna cearense.
Ana Catarina conta que as aulas começam às 7h e que, por isso, ela acorda bem cedo para embarcar no transporte escolar público. “Tenho que acordar às 5h para pegar o ônibus às 6h. Nossa rotina começa muito cedo. Quando a gente chega, temos um tempinho para ir ao banheiro, encher a garrafa de água, beber água. Depois, a gente começa a rotina de estudos. Eles são bem incríveis, as professoras, principalmente. E os professores, também. Depois vem o recreio, com o lanche, que é o momento para a gente descontrair um pouquinho. Aí, depois, vêm as últimas aulas. O pessoal já está mais cansado, mas a gente queria muito ficar o dia todo”, relatou.
A estudante complementa sobre a importância da escola em sua vida. “Eu, particularmente, ‘choro’ para ir para a escola, porque eu gosto muito do ambiente lá, eu me sinto confortável. É a minha segunda família. Eu gosto de tudo, eu adoro os professores e a gestão. É um pessoal incrível, estão sempre tratando a gente com carinho, sempre incluindo qualquer tipo de aluno. E gosto muito também das matérias. Eu tenho um professor, meu professor atual, que é o Lindomar. Ele é incrível, super atencioso. Nós temos a professora Vanessa, que é uma professora de português, ela é muito boa, gentil. Temos a professora Ailana, que é gente boa, interage e é brincalhona. É isso que eu mais gosto lá. Eu tenho orgulho de estar aqui representando a minha turma”, confessou Ana Catarina.
A diretora, Maria Solange de Carvalho, explica a fórmula do resultado da Escola João Evangelista da Cruz. “O grande diferencial da escola é que a gente tem o cuidado de não deixar nenhum aluno para trás. A gente tem uma parceria grande com a família e tem os nossos projetos de motivação. A gente tem o cuidado de chamar o aluno que não está avançando para o que chamamos de APP [Atendimento Pedagógico e Personalizado]. Além disso, há a questão do acolhimento e as ações motivacionais, para que os alunos sintam vontade de ir para a escola todos os dias. A gente faz premiações para os alunos. Tem um projeto que chamamos de #QuemFaltaFazFalta, pelo qual, semestralmente, chamamos as famílias e premiamos os alunos que não tiveram nenhuma falta durante o semestre, ou durante o mês. A cereja do bolo é o professor que realmente veste a camisa, que quer fazer a diferença em querer dar o melhor para os seus alunos, ter um carinho muito grande por eles. O acolhimento faz a diferença”, resumiu.
Fonte: Gov.br