Revista Poder

O Brasil brilha em Paris no 3º dia de disputas e vai ao pódio dez vezes, três delas no lugar mais alto

Ouros veio na natação, com Carol Santiago e Gabriel Araújo, e no atletismo, com Fernanda Yara. O Brasil segue em terceiro no quadro de medalhas e, neste domingo, pode chegar à marca de 400 pódios em Jogos Paralímpicos.

Com a vitória nos 100m costas da Classe S12, Carol Santiago se tornou a brasileira mais premiada da história dos Jogos Paralímpicos, com quatro ouros, ao lado de Ádria Santos, do atletismo – Foto: Silvio Avila/CPB

Com a vitória nos 100m costas da Classe S12, Carol Santiago se tornou a brasileira mais premiada da história dos Jogos Paralímpicos, com quatro ouros, ao lado de Ádria Santos, do atletismo – Foto: Silvio Avila/CPB

Pelo segundo dia consecutivo, o Brasil conquistou dez medalhas em Paris. Três delas fizeram com que nossos esportistas obtivessem suas láureas no lugar mais alto do pódio: na natação, com Carol Santiago levando o nosso nos 100m costas S12 (deficiência visual) e Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, fazendo o mesmo nos 50m costas, na classe S2 (limitações físico-motoras); e, no atletismo, com Fernanda Yara, nos 400m T47 (deficiência nos membros superiores).

Além das três medalhas douradas, o Brasil conquistou, neste sábado, duas pratas e cinco bronzes. Em comum a todas elas, a presença do Bolsa Atleta, programa de patrocínio direto do Governo Federal.

Com isso, o país se manteve na terceira posição no quadro de medalhas em Paris, agora com 23 medalhas (oito ouro, três pratas e 12 bronzes), atrás apenas da China (20 ouros e 42 pódios) e da Grã-Bretanha (11 ouros e 25 medalhas).

Em toda a história das Paralimpíadas, o Brasil soma, até aqui, 396 medalhas. A expectativa é de que, neste domingo (1º/9), o país consiga chegar (ou superar) a emblemática marca de 400 pódios na competição.

 

CAROL SOBERANA – A pernambucana Carol Santiago já tinha um histórico surreal nos Jogos Paralímpicos. Na edição de Tóquio, disputou seis provas e foi ao pódio cinco vezes, com três ouros, uma prata e um bronze. Em Paris, ela veio com um programa ainda maior, com sete provas para disputar. Neste sábado, conquistou o primeiro ouro nos 100m costas da Classe S12 e se tornou a brasileira mais premiada da história do megaevento, com quatro ouros, ao lado de Ádria Santos, do atletismo.

Carol Santiago após a vitória nos 100m costas S12: quarto ouro. Foto: Silvio Avila/CPB

Na prova deste sábado, Carol terminou com 1min08s23, novo recorde das Américas, que já era dela. A prata ficou com a ucraniana Anna Stetsenko (1min09s43) e o bronze com a espanhola Maria Delgado Nadal (1min11s33).

“Eu tive esse privilégio de ter uma francesa na minha série. Eu pensei: isso é para mim, para não ficar muito nervoso. E foi incrível poder dar minha melhor natação. Na verdade, é uma satisfação que eu não sei nem descrever”, contou Carol, que, por ter uma deficiência visual, não sabia se tinha ganho assim que cerrou a prova.

“Confesso que fiquei bem apreensiva, porque deixei minha vida ali. Não sabia se tinha chegado na frente. E aí, de repente, a Gabi (assistente) disse: ‘Comemora que você ganhou’. Aí eu comecei a comemorar, gente.”

Carol nasceu com síndrome de Morning Glory, uma alteração congênita na retina que reduz seu campo de visão. Ela praticou natação convencional até o final de 2018, quando migrou para o esporte paralímpico.

BI DE GABRIELZINHO – O nadador mineiro Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, voltou à piscina da Arena La Défense, em Paris, neste sábado, e conquistou a segunda medalha de ouro nos Jogos Paralímpicos, ao vencer os 50m costas na classe S2 (limitações físicas- motoras), com o tempo de 50s93, novo recorde das Américas na prova.

Gabrielzinho com os colegas de pódio dos 50m costas classe S2. Foto: Silvio Avila/CPB

Vladimir Danilenko, da delegação dos Atletas Paralímpicos Neutros (NPA), conquistou a prata, com o tempo de 57s54, e o chileno Alberto Caroly Abara Diaz levou o bronze, com 58s12. Ainda na natação, o brasiliense Wendell Belarmino conquistou a prata nos 50m livres S11, destinado a atletas com deficiência visual.

“Foi uma prova fantástica, sensacional!”, celebrou Gabrielzinho. “De manhã já tinha sido bom e eu sabia o que tinha que fazer para acertar e melhorar mais ainda. Só que foi um tempo que chama muita atenção. Foi muito bom e eu acho que eu não estou nadando, não, eu estou flutuando, estou flutuando na água”, transmitidau o brasileiro, que, na quinta-feira (29/8), subiu ao lugar mais alto do pódio nos 100m costas , também na classe S2, garantindo a primeira medalha dourada do Brasil em Paris.

Gabriel tem focomelia, uma doença congênita que impede a formação normal de braços e pernas, e conheceu a natação por meio de um professor de Educação Física da escola onde estudou, nos Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG).

DOBRADINHA BRASILEIRA – A paraense Fernanda Yara venceu os 400m T47 (amputados de braço) e sagrou-se campeã paralímpica pela primeira vez na carreira. Ela fez seu melhor tempo pessoal na prova, com 56s74. Outra brasileira, a potiguar Maria Clara Augusto, completou o pódio na terceira colocação, com o tempo de 57s20, também sua melhor marca pessoal na disputa. Ambos conquistaram pela primeira vez uma medalha nos Jogos Paralímpicos.

Fernanda Yara venceu os 400m T47 (amputados de braço) e conquistou seu primeiro ouro paralímpico. Foto: Marcello Zambrana /CPB

A venezuelana é forte, então eu sabia que ela iria fazer os primeiros 300 metros muito fortes. Então, eu fiz a minha corrida e, no momento de atacar, eu ataquei, mas ela teve um acontecimento e veio atrás. Eu estava procurando uma câmera para vir junto, quando eu vi a câmera, eu vi um vulto, quando eu vi o vulto eu fui embora, e quando eu cheguei eu botei o peito assim (para a frente)”, declarou Fernanda Yara, destacando a vitória emocionante, com apenas 0s04 de vantagem para a segunda colocada.

“É uma experiência única, a minha primeira (medalha), meu primeiro pódio. Então eu nunca tinha vivido isso aqui. Já tinha passado pelo mundo no Japão, mas nunca foi uma estrutura desse tamanho. Então fica ainda mais mágico a corrida, a prova, com esse tanto de gente assistindo e apoiando”, disse Maria Clara.

A potiguar Maria Clara Augusto completou o pódio dos 400m T47. Foto: Marcello Zambrana /CPB

QUINTA MEDALHA – A potiguar Thalita Simplício conquistou a medalha de prata nos 400m T11 (deficiência visual). Ela chegou na segunda colocação, com o tempo de 57s21, sua melhor marca na temporada. O resultado marcou a quinta medalha paralímpica de Thalita na carreira. Ela repetiu o resultado que havia conquistado em Tóquio 2020, quando foi prata na mesma prova.

O atletismo ainda garantiu três bronzes para o Brasil neste sábado, com o paraibano Joeferson Marinho nos 100m T12 (deficiência visual), a potiguar Maria Clara Augusto, nos 400m T47 (deficiência nos membros superiores), e o paraibano Cícero Valdiran Nobre no lançamento de dardo F57, destinado a atletas que competem sentados (sequelas de poliomielite, lesões medulares, amputações).

Já a baiana Edneusa Santos completou a final dos 1500m da classe T13 (deficiência visual) na 11ª colocação, com 5min16s28. Foi o melhor tempo dela na temporada. Ela ainda participa da maratona, sua prova principal, nos Jogos de Paris.

Thalita Simplício faturou a prata nos 400m T11 (deficiência visual), sua quinta medalha paralímpica. Foto: Alexandre Schneider/CPB

BRONZES NO TÊNIS DE MESA – Bruna Alexandre e Danielle Rauen lutaram, tiveram chances de sucesso, tiveram oportunidades, mas em cada parcial da semifinal contra as australianas Qian Yang e Lina Lei faltou um detalhe: passar uma bola a mais, uma precisão no golpe.

Com isso, os medalhistas de bronze por equipes nos Jogos Rio 2016 e Tóquio 2021 adicionaram mais um bronze ao currículo. Superadas por 3 sets a 0 (11/8, 11/9 e 12/10), em 24 minutos de partida, elas ficaram com a terceira colocação nas duplas WD20, porque nos Jogos Paralímpicos não há disputa pelo bronze no tênis de mesa. As duas ainda voltam à mesa em Paris para as disputas individuais: Bruna na classe 10 e Danielle na classe 9. No tênis de mesa, as classes para “andantes” vão de 6 a 10. Quanto menor o número, maior a restrição de mobilidade do atleta.

Bruna Alexandre e Danielle Rauen adicionaram o terceiro bronze paralímpico ao currículo. Foto: Wander Roberto/CPB

Nas duplas masculinas da classe MD18, os paulistas Cláudio Massad e Luiz Felipe Manara garantiram uma campanha histórica também na semifinal e garantiram o bronze, após derrota para os chineses Xue Jian e Zhang Zhen. Eles foram derrotados por 3 sets a 1 (5/11, 14/12, 8/11 e 6/11). Os dois ainda participam das disputas individuais em Paris.

Cláudio Massad e Luiz Felipe Manara encerraram campanha histórica na semifinal e asseguraram o bronze. Foto: Wander Roberto/CPB

“Eu acho que é um momento único. Eu venho de três títulos para-panamericanos, é minha terceira Paralimpíada e nas duas anteriores eu não tinha ganhado sequer um jogo. E eu chego nessa Paralimpíada e foi diferente. Fiz uma grande campanha com a Dani e batemos na trave nas quartas de final (derrota por 3 x 2 depois de estarem vencendo por 2 x 0 a dupla polonesa). Hoje chegamos muito forte, então acho que é uma alegria indescritível”, ponderou Manara.

“É muito gostoso desfrutar de tudo isso, você estar num ginásio desse, lotado. O palco maior do esporte mundial, uma Paralimpíada, todo mundo torcendo, vibrando. Então foi o que a gente tentou fazer e só tem que agradecer ao público francês aí, maravilhoso pela torcida e por todo o carinho”, completou Massad. Os dois ainda disputam a chave de simples. Massad na classe 10. Manara na classe 8.

O QUE ACONTECE NO DOMINGO – O último dia do mês de agosto começa com a grande decisão dos 50m livres S5, com o paulista Matheus Fernandes. Também está programado para este domingo a final dos 100m livres da classe S8, com a pernambucana Beatriz Gomes.

A competição também terá as últimas provas de lançamento de dardo F46 (deficiências físicas), com a potiguar Ivana Soares; dos 400m T12, com o paulista Marcos Ribeiro; e do revezamento 4x100m medley, com a equipe feminina do Brasil.

Fonte: Gov.br

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