Revista Poder

Poder Saúde: Spermpocalypse e Spermageddon, por que a contagem de espermatozoides está diminuindo?

Termos apocalípticos fazem parte dos alertas mundiais sobre a baixa contagem de espermatozoides. Conversamos com o especialista em Reprodução Humana, Dr. Fernando Prado, para entender o que é esse diagnóstico e como os homens podem superá-lo para conceber um filho.

Não é verdade que a infertilidade seja um problema exclusivamente feminino. Cada vez mais, pesquisadores alertam para o que ficou conhecido como spermageddon ou apocalipse espermático (Spermpocalypse): a queda na quantidade de espermatozoides em homens ao redor do mundo. Estima-se que a contagem de espermatozoides tenha caído entre 50% e 60% nas últimas quatro décadas. “Uma baixa contagem de espermatozoides, ou oligospermia, é uma condição na qual a concentração de espermatozoides no sêmen ejaculado é muito baixa para promover a fertilização natural de um óvulo. Geralmente, é definida como uma contagem de espermatozoides abaixo de 20 milhões/ml de sêmen, embora pesquisas mais recentes coloquem o limite abaixo de 15 milhões. Esse é um problema cada vez mais comum, principalmente devido à mudança no estilo de vida”, explica Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita. “A infertilidade por fator exclusivamente masculino corresponde a 30% dos casos, e em 20% o problema é diagnosticado conjuntamente no homem e na mulher. Geralmente, essa infertilidade é causada por deficiências de esperma. Ela pode ter múltiplas causas nos sistemas reprodutivo e não reprodutivo, mas a maioria dos casos tem origem desconhecida”, completa o médico.

O Dr. Prado explica que a principal causa de infertilidade masculina é a varicocele, que são as veias dilatadas na bolsa testicular. “A varicocele atinge 15% dos homens e começa a afetar a produção de espermatozoides já na adolescência. É uma condição progressiva e pode causar azoospermia, uma condição caracterizada pela ausência de espermatozoides no líquido seminal ejaculado”, diz o médico. “Além disso, ainda temos questões relacionadas à exposição ambiental, níveis baixos de andrógenos como no hipogonadismo, distúrbios genéticos como a síndrome de Klinefelter, trauma testicular, testículos que não desceram na infância, atrofia testicular pós-inflamatória, obstrução nos ductos espermáticos testiculares após dano, doença, inflamação ou obstrução congênita, cirurgia testicular anterior, uso de testosterona, esteroides anabolizantes, quimioterapia e certos antibióticos ou antidepressivos que podem reduzir a contagem de espermatozoides, estilo de vida ou fatores ambientais, incluindo infecções sexualmente transmissíveis, aumento da temperatura local dos testículos, abuso de álcool ou drogas, e cigarro”, acrescenta o médico. “A oligospermia é diagnosticada com base na análise do sêmen, na qual a quantidade e a qualidade dos espermatozoides de uma amostra de sêmen coletada pelo homem são analisadas em laboratório. Se os resultados forem considerados anormais, o teste é repetido três meses depois para confirmação”, destaca Dr. Fernando Prado.

Os kits caseiros para contagem de espermatozoides não têm respaldo científico quanto à sua precisão. “Além disso, outros parâmetros do esperma não são verificados, incluindo a morfologia e a motilidade do esperma, ambos fatores importantes que afetam a fertilidade masculina. Por essa razão, esses kits podem ser falsamente tranquilizadores e atrasar o tratamento quando necessário. Eles também podem fornecer contagens falsamente baixas em alguns casos”, completa o médico.

DR. FERNANDO PRADO

O especialista explica que pacientes com contagens de espermatozoides limítrofes ainda podem conceber um filho com sucesso. “Algumas modificações no estilo de vida e o aumento da frequência das relações sexuais para uma vez a cada dois ou três dias, especialmente na época da ovulação da mulher, são aconselháveis para aumentar as chances de concepção”, diz o médico. “Outras opções estão disponíveis para quem não consegue engravidar, como a fertilização in vitro (FIV). Isto envolve a ‘colheita’ de óvulos da mulher e sua mistura com o esperma do homem fora do corpo da mulher para obter a fertilização, após a qual o embrião é cultivado e retornado ao útero da parceira dentro de alguns dias para se implantar e crescer até a gravidez”, explica o médico.

No caso da varicocele, embora o tratamento indicado seja a cirurgia de correção, dependendo do caso, a cirurgia pode não reverter o dano reprodutivo causado pela doença. “Nesses casos, a FIV é indicada”, explica o médico.

A injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI) é uma técnica de fertilização in vitro mais recente que usa um único espermatozoide, que é injetado no citoplasma do óvulo para fertilizá-lo diretamente. “Ela contorna a baixa contagem de espermatozoides do homem em vez de tratá-la e é apropriada para homens sem ou com muito poucos espermatozoides no sêmen, ou se os espermatozoides estiverem mortos ou imóveis”, explica o médico.

Em alguns casos, quando a qualidade do espermatozoide também é comprometida, é indicada a utilização de esperma de outro homem para fertilizar os óvulos da mulher, seja por inseminação artificial ou por fertilização in vitro, com o consentimento de ambos os parceiros. “Essa estratégia é mais comumente usada quando o homem tem uma doença genética que pode ser transmitida ao filho”, destaca o médico. “Por fim, podemos utilizar medicamentos estimulantes de gonadotrofinas ou substitutos de gonadotrofinas para a produção de espermatozoides se o homem tiver hipogonadismo. Mas eles não são úteis na infertilidade masculina idiopática. Por isso, é fundamental que um médico especialista seja consultado para investigar as causas e definir a conduta mais apropriada”, finaliza Dr. Fernando.

FONTE: Dr. Fernando Prado: Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, no Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, é Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Instagram: @neovita.br

LINK: https://www.nature.com/articles/s41598-024-51686-4

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