Revista Poder

HPV e o câncer de cabeça e pescoço no Brasil

Há exatos 35 anos, mais de 3 a cada 10 indivíduos com mais de 18 anos fumavam no Brasil. De acordo com a última edição da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019, essa proporção caiu para pouco mais de 1 para cada 10 brasileiros. Este dado é importante porque o tabagismo é um fator de risco para várias doenças, entre elas, o câncer de cabeça e pescoço – termo genérico usado para classificar tumores malignos que surgem na boca, nas regiões da orofaringe e nasofaringe, laringe e seios nasais.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), todos os anos são registrados 39.490 novos casos deste que é o quinto tumor mais comum no Brasil, sem considerar o câncer de pele não melanoma. Nos homens, 4,6% dos casos totais de câncer atingem a cavidade oral e 2,7% a laringe. Nas mulheres, 5,8% afetam a glândula tireoide.

Durante  a campanha Julho Verde, é importante alertar a população sobre o câncer de cabeça e pescoço, porque 76% dos casos da doença são descobertos em estágio avançado, o que dificulta o tratamento e eleva a mortalidade. Os sintomas iniciais são lesões na boca que não cicatrizam, caroços (gânglios) na região do pescoço, rouquidão, dificuldade de engolir ou dor de garganta persistente. Caso um desses sinais apareça, o ideal é procurar o médico.

O diagnóstico tardio ocorre devido à falta de informação da população sobre a doença, que tem no tabagismo e no consumo excessivo de álcool grandes fatores de risco. Como o número de fumantes vem diminuindo, os especialistas acreditam que os casos de câncer de cabeça e pescoço esteja aumentando por causa das infecções por Papilomavírus Humano (HPV).

Trata-se de um grupo de vírus formado por mais de 200 subtipos. Parte deles são transmitidos por contato sexual e se dividem em dois grupos: baixo e alto risco.  Dos 14 subtipos de alto risco, dois deles – 16 e 18 – respondem por 7 a cada 10 casos de câncer associados a esse vírus.

Dra. Rafaela Pozzobon

 “A infecção pelo HPV responde por até 80% dos casos de câncer de orofaringe”, revela a médica Rafaela Pozzobon, da Oncologia D’Or.  A prática do sexo seguro e a vacina são as maneiras mais eficazes para a prevenção do vírus. A vacina é oferecida na rede pública para meninos e meninas entre 9 e 14 anos, além de homens e mulheres até 46 anos que convivem com o HIV, realizaram transplantes ou estão em tratamento contra o câncer. Na rede privada, a imunização pode ser feita em pessoas entre 9 e 59 anos, a critério médico.

Quando descoberto em sua fase inicial, o câncer de cabeça e pescoço pode ser curado, mediante cirurgia. Os médicos podem prescrever a quimioterapia e a radioterapia para casos de tumores que, se ressecados por via cirúrgica, possam privar o paciente de suas funções vitais. É o caso de tumores na laringe, cuja ressecção pode levar à perda da fala ou da capacidade de deglutição. Quando a doença está avançada, em fase de metástase, recomenda-se quimioterapia, radioterapia e imunoterapia.

 

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