O ESTRANHO, escrito e dirigido pela dupla Flora Dias e Juruna Mallon, chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 20 de junho. O longa, que esteve na seleção do Festival de Berlim no ano passado, é uma produção da Lira Cinematográfica e Enquadramento Produções, em coprodução com a francesa Pomme Hurlante Films e as brasileiras Filmes de Abril e Ipê Branco Filmes. A distribuição é da Embaúba Filmes.
O filme entra em cartaz em diversas cidades do país, entre elas: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Salvador, Goiânia, Aracaju, Balneário Camboriú, Palmas, Poços de Caldas e Porto Alegre.
Confira o trailer:
O filme fez uma bela trajetória em festivais, tendo ganhado os prêmios de Melhor Filme no Queer Lisboa (Portugal) e no Festival Internacional de Direitos Humanos de Nuremberg (Alemanha), além de Melhor Som no Festival de Havana (Cuba) e de Melhor Fotografia e Melhor Som em sua estreia nacional no Olhar de Cinema, em Curitiba.
O principal cenário de O ESTRANHO é o Aeroporto de Guarulhos (SP), um símbolo de progresso e um monumento do mundo globalizado, mas também um marco do agressivo processo de colonização e ocupação do território. Embora seja um lugar onde as pessoas transitam o tempo todo, o filme foca naqueles que ficam, cujas vidas se cruzam naquele solo onde trabalham.
Filmando no próprio aeroporto e seus arredores, Dias e Mallon definem o processo do filme como uma total imersão no território de Guarulhos. “Pesquisa, preparação e filmagem nos levaram a perceber sua realidade como algo essencialmente heterogêneo e múltiplo. Quanto mais orientamos nosso olhar (e câmera) para os espaços e para as rotinas diárias dos trabalhadores do aeroporto, mais essa realidade se tornou rica e surpreendente. Ao lado do aeroporto encontramos bairros urbanos populosos, mas também comunidades rurais, sítios arqueológicos escondidos e povos indígenas em processo de retomada”.
Diretores de “O Sol nos meus Olhos”, de 2012, Dias e Mallon encontram na nova parceria a oportunidade de conjugar interesses em comum, que definem como “uma pesquisa cinematográfica sobre como o processo de autoconhecimento individual e de ativação da memória ancestral se conjuga com a busca por território e a construção de paisagem. Concebemos a paisagem não como um lugar de simples contemplação, mas como um espaço de luta de forças sociais, de confronto de diversas temporalidades e cheio de camadas de significação. Assim como o universo interior de uma pessoa, a paisagem é um processo pulsante e em constante construção”.
Segundo Flora Dias, “O Estranho é um trabalho de muitos anos e de muitas pessoas. Uma estreia é uma janela importante para todas essas energias colocadas no filme que teve e continua tendo uma guiança espiritual muito forte, e eu sinto que os caminhos dele estão sendo abertos pelos ancestrais que o filme reverencia”.
Juruna Mallon complementa: “Eu vejo O Estranho como um filme de encontros. Foram esses múltiplos encontros que, ao mesmo tempo, se tornaram a própria matéria-prima do filme e que definiram a trajetória que o filme iria percorrer. Eles foram os pés e a terra dessa longa caminhada que o filme se propôs a fazer. Num primeiro momento, o encontro se deu com o território de Guarulhos, os trabalhadores do aeroporto, os estudantes e habitantes dos seus bairros. Em seguida, ele se traduziu nas parcerias com a equipe e personagens que foram brotando e nos ajudando a lidar cinematograficamente com aquela rica e complexa realidade. A estreia em Berlim foi especial para uma série de encontros no caminho do projeto, entre o próprio filme e o público. E, agora, finalmente vamos estrear nos cinemas”.
O ESTRANHO estreia em 20 de junho nos cinemas pela Embaúba Filmes. O longa foi realizado com recursos do FSA e da Lei Aldir Blanc, em coprodução com a Spcine e Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, e teve o apoio financeiro do fundo holandês Hubert Bals Fund e do fundo suíço Visions Sud Est, além do apoio do Projeto Paradiso. Participou também dos laboratórios LoboLab, Novas Histórias e BrLab, do encontro Proyecta do Ventana Sur e dos eventos de work in progress do Brasil CineMundi e do Festival de Rotterdam.
Sinopse
O Aeroporto Internacional de Guarulhos foi construído sob um antigo território indígena. Nesse espaço onde 35 mil trabalhadores garantem o funcionamento diário, Alê (Larissa Siqueira) tem sua vida atravessada pelas origens do aeroporto e por rastros de um passado em constante transformação. Seguindo personagens cujas vidas se cruzam no dia a dia, o olhar se fixa não sobre aqueles que passam, mas sobre o que permanece num local impregnado pelas feridas originárias de um país.
Conteúdo criado pela Sinny Comunicação para a Revista Poder.