Revista Poder

Poder Saúde: Infertilidade também é coisa de homem, mas quase sempre tem tratamento e solução

1 em cada 7 casais tem infertilidade conjugal, sendo 30% destes por um fator exclusivamente masculino e 20% por um fator masculino e feminino (as mulheres correspondem a 50%). Conversamos com o expert em Reprodução Humana, Dr. Rodrigo Rosa, que explicou quais as causas e o que pode ser feito.

É relativamente comum associar a infertilidade às mulheres, afinal, 50% das causas de infertilidade advêm de um fator exclusivamente feminino. No entanto, os homens também sofrem com o problema: “De todos os casais que têm infertilidade conjugal, 30% são exclusivamente por fator masculino e mais 20% são por um fator misto de infertilidade, quando há causas masculinas associadas a um fator feminino. Então, de forma geral, 50% dos casos de infertilidade também compreendem a infertilidade masculina, seja de forma exclusiva ou associada. Esse é um problema comum”, explica o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. O expert explica abaixo tudo sobre a infertilidade masculina:

As causas da infertilidade estão mais ligadas a fatores genéticos, de idade ou referentes ao estilo de vida de cada homem?

As principais causas de infertilidade masculina estão ligadas a hábitos de vida: obesidade, tabagismo, abuso de álcool, alimentação inadequada, sono não reparador e sedentarismo. Também existe a varicocele, que é a dilatação e varizes das veias da bolsa testicular. Existem fatores genéticos com alteração do cariótipo e também uma alteração chamada microdeleção do cromossomo Y, em que falta um pedacinho do cromossomo, do material genético, e isso é responsável pela ausência total ou presença de poucos espermatozoides. Além disso, temos a criptorquidia, quando o testículo não desce antes do nascimento; se não for corrigido a tempo, é causa de infertilidade masculina. E fatores hormonais, principalmente por abuso de esteroides anabolizantes, que também são causas comuns de infertilidade masculina.

Quais exames devem ser feitos para diagnosticar a infertilidade masculina?

O exame que vai avaliar o potencial fértil do homem é o espermograma, que mostra o volume do sêmen, a concentração dos espermatozoides, a motilidade desses espermatozoides e a morfologia. Baseado nesses parâmetros, nós podemos estimar se o homem é fértil ou não. Mas a comprovação de fertilidade é apenas quando há a gravidez. No caso de alteração do espermograma, fazemos outros exames para avaliar a causa daquela alteração, como um ultrassom de bolsa testicular, doppler para avaliar a presença de varicocele, além do exame clínico, exames hormonais e também um exame chamado de fragmentação de DNA espermático, que também pode ser causa de infertilidade e abortos de repetição.

Quais são os sinais de alerta da infertilidade masculina?

Os principais sinais de alerta acontecem quando há um histórico de criptorquidia, de caxumba com acometimento dos testículos na infância, algum trauma importante, como uma pancada, acidente na região dos testículos, ou quando há histórico familiar em que irmãos têm infertilidade, algo que possa deixar mais evidente que há algo genético envolvido. E principalmente nos homens que têm algum fator de risco, como obesidade, tabagismo, consumo frequente de álcool e todos os fatores mencionados.

Tem tratamento? Como ele é feito?

O principal tratamento da infertilidade masculina é identificar e tratar a causa daquela infertilidade. Então, se for a varicocele, o tratamento cirúrgico pode ser indicado. Se for obesidade, a perda de peso. Se for algum hábito de estilo de vida, melhorar esse hábito. Mas existem casos que são realmente irreversíveis, como sequelas de traumas e infecções ou mesmo causas genéticas que não são passíveis de reversão. Na grande maioria dos casos em que não há uma forma de reverter a piora da qualidade e quantidade dos espermatozoides, são indicados os tratamentos de reprodução assistida, como a inseminação artificial nos casos mais leves e, nos casos mais severos, a fertilização in vitro.

Mudar hábitos do estilo de vida ajuda? Quais?

Os hábitos de estilo de vida prejudiciais, como alimentação inadequada, abuso de álcool e obesidade, todos têm um fator em comum, que é o aumento do estresse oxidativo. Com isso, há uma piora na produção e na qualidade desses espermatozoides. E todos os fatores que estão ligados ao aquecimento da região genital, já que para ter uma melhor produção de espermatozoides, a temperatura dos testículos deve estar abaixo da temperatura corpórea. Nos casos de varicocele e obesidade, esse aumento da temperatura faz com que não haja uma produção adequada dos espermatozoides. Mudar os hábitos é fundamental nesses casos, para a saúde reprodutiva e do organismo como um todo.

E nos casos em que o tratamento não é possível?

Existem muitos casos de azoospermia, que é a ausência de espermatozoides no ejaculado, mas que é possível, através de uma punção ou biópsia do testículo ou do epidídimo, obter espermatozoides e fazer a técnica de fertilização in vitro. O epidídimo é uma estrutura onde ficam armazenados os espermatozoides – ao lado do testículo. Nos casos em que não há espermatozoides e não é possível indicá-los na biópsia, o tratamento indicado é recorrer a bancos de sêmen de doador anônimo, para que esse casal consiga ter filhos e o homem com infertilidade consiga ser pai, embora não biológico.

Quando é a hora de procurar tratamento?

Todos os casais que estão tentando engravidar há um ano sem sucesso devem ser investigados, porque é uma luta contra o tempo. Quanto antes diagnosticar e tratar a causa da infertilidade, melhor o prognóstico de gravidez. E como a infertilidade masculina é tão comum quanto a feminina, sempre o homem deve ser investigado. O espermograma é um exame básico que deveria ser feito em todos os homens antes mesmo de tentar a gravidez, para que o homem saiba que, se tiver um problema, trate aquela causa antes que se perca tempo em busca de uma gestação espontânea, que muitas vezes pode não acontecer.

FONTE:

DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra, especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa

Esse texto foi produzido pela Holding Comunicações, assessoria de imprensa especializada em saúde, beleza e bem-estar, com 30 anos de experiência no setor.

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