Revista Poder

Poder Saúde: Anatomia do facelift moderno, reposicionamento de camadas profundas é o grande avanço nas cirurgias faciais.

Técnicas atuais conseguem reposicionar tecidos mais profundos, como a camada muscular, para um resultado mais estético.

Foto Freepik

Destacamos alguns pontos importantes:

Em meio a tantas técnicas e tecnologias de rejuvenescimento que, teoricamente, adiam o envelhecimento facial, surge um dado que coloca em xeque essa prerrogativa: nos últimos anos, os médicos notaram que a idade média de um paciente de facelift, a cirurgia facial para tratar as rugas, passou dos cinquenta anos para quase uma década mais jovem. O que será que explica isso? “A verdade é que o mérito é todo do lifting facial moderno. As técnicas mais recentes conseguem reposicionar também tecidos mais profundos e o resultado é esteticamente mais agradável e natural”, explica a Dra. Beatriz Lassance, cirurgiã plástica membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Se alguém tivesse que descrever alguns dos facelifts feitos nos anos 80 e 90, palavras como ‘puxado’ ou ‘esticado’ poderiam vir à mente.

“Hoje, é mais provável que seja ‘bonito’, ‘de aparência mais natural’ e, em muitos casos, ‘virtualmente indetectável’ – justamente porque as pessoas não conseguem perceber que aquele resultado veio de uma cirurgia plástica”, acrescenta. “Além disso, é muito difícil encontrar a cicatriz de uma pessoa, o que é outro ponto importante das novas técnicas que não deixam tensão na pele”, diz.

Em contraposição, os tratamentos injetáveis atuais chegaram a um ponto descrito como “fadiga do preenchimento”, de acordo com os médicos: quando o uso excessivo de preenchimento se torna perceptível e, na pior das hipóteses, começa a fazer os rostos parecerem estranhos, com bochechas inchadas e pele esticada. “As tendências estão interligadas. À medida que o paciente busca resultados mais naturais e começa a perceber que os preenchedores principalmente podem trazer, se não usados corretamente, resultados estigmatizantes, a opção pela cirurgia pode ser a melhor escolha. Ainda que a opção pela cirurgia afaste o paciente da sua rotina diária por 2 semanas em média, a naturalidade e a maior durabilidade podem ser vantajosas”, explica a Dra. Beatriz.

O que mudou na técnica?

Até a década de 1980, os facelifts eram feitos em uma camada superficial e contavam essencialmente com o tracionamento da pele. A evolução desta técnica foi o reposicionamento do sistema músculo-aponeurótico superficial (SMAS), que é a camada logo abaixo da pele, constituída de músculos, gordura e ligamentos. “Apesar de ser uma evolução para a época, os resultados ainda eram um tanto artificiais e menos duradouros, justamente por conta dos ligamentos que promovem a adesão desta camada (SMAS) às estruturas ósseas profundas da face continuarem prendendo estes tecidos”, explica a médica. Apesar de terem sido descritas há bastante tempo, as técnicas de planos profundos (Deep Plane) começaram a se tornar mais difundidas a partir da década de 2010. “Nas técnicas mais atuais, fala-se em reposicionamento dos tecidos da face e do pescoço a partir dos planos profundos (Deep Plane Facelift e Deep Neck). Essencialmente, as aderências e ligamentos da camada mais superficial (SMAS) às estruturas ósseas da face são liberados, com um descolamento de pele muito menor. Como o reposicionamento destes tecidos é feito após a liberação destas aderências profundas, o resultado será mais duradouro. A ideia principal é reposicionar sem depender de esticar a pele. Com isso, teremos um resultado bonito, elegante e natural. Hoje, fala-se num rejuvenescimento médio de 15 anos com durabilidade média de outros 15 anos”, destaca a cirurgiã plástica.

Dra. Beatriz Lassance

O envelhecimento tem como principal característica o “derretimento da face” num vetor vertical devido à ação da gravidade. “Os facelifts de antigamente tendiam a puxar mais horizontalmente, num vetor oblíquo em direção para a parte de trás das orelhas, de modo que os rostos muitas vezes pareciam esticados, em vez de levantados”, compara. Nas técnicas atuais de planos profundos, graças à liberação das aderências das estruturas ósseas é possível o reposicionamento dos tecidos num vetor vertical, contrário ao vetor natural do envelhecimento. “Esse vetor mais vertical associado à ausência de tensão na pele são os grandes responsáveis pela naturalidade dos resultados”, diz a Dra. Beatriz. “Uma observação interessante é que dessa forma é realizado um reposicionamento destes tecidos de volta à sua posição original de quando jovem, sobre a mesma estrutura óssea que permanece intacta. Com isso, a paciente irá se parecer com ela jovem e não com outra pessoa. Desta maneira, temos um resultado bonito, elegante e natural”, completa.

E assim como a toxina botulínica preventiva, a ideia de um lifting profundo na casa dos quarenta em vez dos sessenta anos geralmente trará uma recuperação mais tranquila e um resultado melhor. “Pacientes mais jovens cicatrizam mais rapidamente e os liftings faciais duram em média de 10 a 15 anos”, constata. No entanto, a médica lembra que o facelift é um tratamento cirúrgico e requer exames e avaliações de pré-operatório e cuidados pós-operatórios. E exatamente por ser um tratamento complexo, requer um cirurgião plástico muito bem treinado para amenizar a chance de complicações e conseguir resolvê-las caso ocorram. “Os liftings faciais, especialmente os de planos profundos, são procedimentos bastante complexos e o tempo de recuperação pode variar de duas semanas para a fase mais aguda até a alguns meses para o resultado final do tratamento, dependendo do lifting realizado e da idade do paciente.”

Por fim, a Dra. Beatriz destaca que os facelifts podem não ser para todos e os preenchimentos nunca desaparecerão completamente. “Os preenchimentos são uma solução rápida e de menor investimento, com resultados em curto prazo. Os facelifts são mais duradouros e com um maior investimento. Mas a avaliação médica poderá ajudar nessa escolha que também envolve os desejos do paciente. A melhor palavra para tratar o envelhecimento é o cuidado. Quanto mais você se cuidar ao longo da vida, melhor você irá envelhecer”, finaliza a Dra. Beatriz Lassance.

 

 

FONTE: Dra. Beatriz Lassance: Cirurgiã Plástica formada na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e residência em cirurgia plástica na Faculdade de Medicina do ABC. Trabalhou no Onze Lieve Vrouwe Gusthuis – Amsterdam -NL e é Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery) e da American Society of Plastic Surgery. Além disso, é membro do American College of LifeStyle Medicine e do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida. Instagram: @drabeatrizlassance

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