Revista Poder

Estudo revela riscos para o desenvolvimento infantil no Brasil

Estudo destaca desigualdades sociais que afetam o desenvolvimento infantil e apela por ações para promover igualdade e bem-estar das crianças no Brasil

Foto de Pixabay

O Projeto Pipas, em colaboração com o Ministério da Saúde e a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, divulgou um alerta importante. Seus dados destacam que crianças que fazem parte de famílias beneficiárias de programas de transferência de renda, que enfrentam insegurança alimentar e cujas mães têm menor nível de escolaridade têm um risco significativamente maior de não alcançar um desenvolvimento adequado devido às condições socioeconômicas desfavoráveis.

A pesquisa, conduzida em 2022, analisou 13.425 crianças menores de 5 anos em 13 capitais do Brasil, com foco nas faixas etárias de 37-48 meses e 49-59 meses, sendo 51% do sexo feminino. Em 79,6% dos casos, a mãe era a principal cuidadora. Cada criança foi avaliada com base em quatro domínios de desenvolvimento: habilidades motoras, cognitivas, linguagem e socioemocionais.

Os resultados apontam várias áreas críticas que requerem atenção urgente. Por exemplo, 14,8% das crianças não receberam atendimento médico na primeira semana de vida, desviando-se das recomendações da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde. Além disso, apenas 57,8% das crianças menores de 6 meses estavam em aleitamento materno exclusivo, o que é essencial para o desenvolvimento cognitivo e global da criança.

Outras descobertas revelam que 24% das crianças menores de 3 anos não têm livros infantis ou de figuras em casa, sublinhando a necessidade de conscientização sobre a importância da leitura desde cedo. Preocupantemente, 33,2% das crianças menores de 3 anos passam mais de duas horas por dia assistindo televisão ou jogando em dispositivos eletrônicos, o que pode impactar negativamente seu desenvolvimento.

Além disso, uma parcela considerável de cuidadores acredita que disciplinas punitivas, como gritar ou dar palmadas, são necessárias para educar as crianças. Por fim, 75,6% das crianças menores de 3 anos foram envolvidas por outros membros da família em atividades de estímulo, como leitura, contação de histórias, canto e brincadeiras nos últimos três dias. No entanto, 42,8% dos cuidadores afirmaram nunca ter recebido informações sobre desenvolvimento infantil de profissionais da saúde, educação ou assistência social.

Os resultados do Projeto Pipas sublinham a importância crucial de abordar as desigualdades socioeconômicas que afetam o desenvolvimento infantil no Brasil. Eles enfatizam a necessidade premente de políticas e ações voltadas para apoiar famílias em situação de vulnerabilidade, a fim de promover o bem-estar e o pleno potencial das crianças desde a primeira infância. Essas ações devem incluir cuidados de saúde adequados, acesso à educação, estímulo precoce e promoção de práticas parentais saudáveis, com o objetivo de construir um futuro mais igualitário e saudável para todas as crianças.

 

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