Revista Poder

Câncer de mama: diagnóstico precoce faz toda a diferença

Descobrir a doença a tempo é determinante para o sucesso do tratamento e, em alguns casos, pode significar até 95% de chances de cura

Laura Testa e Maria Ignez Braghiroli | Crédito: Arquivo Pessoal

Como outubro é o mês dedicado à prevenção do câncer de mama, nunca é demais bater na tecla da importância do diagnóstico precoce, que aumenta muito as possibilidades de cura – aliás, para qualquer tipo de câncer e não só o de mama. Nesse último, descobrir a doença no início pode significar até 95% de sucesso no tratamento. Por isso, é fundamental fazer acompanhamento com um médico pelo menos uma vez por ano.

Durante este mês, a PODER online está fazendo uma série de entrevistas sobre o assunto. Nesta terceira conversa, vamos falar sobre os tipos de tumor e seus respectivos tratamentos. Para isso, convidamos Maria Ignez Braghiroli, oncologista do Hospital das Clínicas (HC-FMUSP) e chefe da Residência em Oncologia da Rede D’Or, e Laura Testa, chefe do grupo de Oncologia Mamária do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) do HC-FMUSP e oncologista clínica da Rede D’Or.

Invasivo ou não invasivo
A conduta terapêutica varia em função do tipo de tumor e do estágio em que ele se encontra. Nos estágios I e II, ele está restrito ao tecido mamário e pode afetar minimamente os gânglios linfáticos da axila; no estágio III, a doença está mais avançada e comprometeu os gânglios linfáticos; o estágio IV é o do câncer metastático, em que as células cancerígenas migraram para outros órgãos e para gânglios linfáticos localizados em outras partes do corpo, e não somente nas axilas.

Existem vários tipos de câncer de mama.  O carcinoma ductal in situ, por exemplo, se localiza nos ductos mamários, os canais por onde passa o leite. Diagnosticado em 20% dos casos, esse tipo de tumor ainda não adquiriu a capacidade de invadir ou de viajar pelo corpo, e é conhecido como estágio zero. Os tratamentos para esses casos costumam ser menos invasivos e têm resultados excelentes.

Entretanto, é importante lembrar que o carcinoma ductal in situ raramente provoca sintomas, o que pode atrasar o diagnóstico. O grande problema é que o tumor pode romper o ducto mamário e se disseminar para outra região da mama e até mesmo pelo corpo – nesse caso, ele é considerado um câncer ductal invasivo, presente em 70 a 80% dos casos. Já o carcinoma lobular é menos frequente e tem origem em outras células mamárias e pode se apresentar como in situ ou invasivo.

O câncer de mama triplo negativo também pertence à categoria dos tumores invasivos e habitualmente tem origem nos ductos mamários. Ele é chamado assim porque não produz uma proteína específica e não tem receptores de hormônios sexuais femininos como o estrogênio e a progesterona, características que podem fazer com que seu crescimento seja mais rápido e, na maioria das vezes, exigir sessões de quimioterapia como parte do tratamento. Já o câncer de mama inflamatório é um tipo raro que apresenta sintomas como distensão, vermelhidão e inchaço da mama afetada.

Tudo ao mesmo tempo agora
De maneira geral, a associação de tratamentos é a abordagem mais utilizada em todos as variações do câncer de mama. A cirurgia para extrair o tumor (mastectomia) é recomendada na maioria dos casos e nem sempre implica na retirada total da mama. Quanto às terapias associadas ao procedimento cirúrgico, elas variam de acordo com o diagnóstico e podem incluir radioterapia, uso de bloqueadores hormonais (hormonioterapia) e/ou quimioterapia. Na primeira, o local onde estava a lesão é exposto a um tipo específico de radiação que destrói as células cancerígenas remanescentes. Já a quimioterapia consiste na injeção de medicamentos que, uma vez na corrente sanguínea, eliminam as células doentes.  A hormonioterapia, que é indicada para a maioria das pacientes, tem por objetivo induzir a menopausa a fim de bloquear a ação do estrogênio, hormônio que estimula o crescimento do tumor. Outra possibilidade terapêutica é a imunoterapia, que ativa o sistema imune para atacar as células do câncer. As terapias-alvo são outra opção de tratamento e usam com medicamentos com atuação específica sobre as células cancerígenas.  A mais utilizada é a que combate a proteína HER2, presente em 20 a 30% dos casos de câncer de mama.

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