A ideia de que exista uma arma, a Marinha, a coonestar um golpe de estado talvez seja tão ou mais preocupante do que a ideia de que um presidente consultou seus chefes militares sobre a possível adesão a esse mesmo golpe.
A revelação de que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, teria dito em sua delação à Polícia Federal que Jair Bolsonaro chegou a consultar os chefes militares sobre essa possibilidade, caso confirmada – e provada materialmente –, coloca o ex-presidente em péssimos lençóis, mas certamente abre uma zona enorme de desconforto entre Lula 3 e a Marinha.
Excertos da confissão de Cid chegaram às mãos do repórter Aguirre Talento, do UOL, que publicou nesta quinta (21) essas informações. Segundo o portal, o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, “manifestou-se favoravelmente ao plano golpista durante as conversas de bastidores, mas não houve adesão do Alto Comando das Forças Armadas”.
O almirante Garnier foi o mesmo, conforme mostrou o portal Metrópoles, que se recusou a comparecer à cerimônia de entrega do cargo ao comandante Marcos Sampaio Olsen, seu substituto no governo Lula.
Até às 13h30 desta quinta-feira, petistas e atores de Lula 3 ainda não haviam vindo abaixo pedindo represálias a Garnier. A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, foi mais para cima de Bolsonaro do que o almirante, citado lateralmente em postagem no ex-Twitter.
Gleisi, contudo, errou a arma de Garnier, trazendo a Aeronáutica para o rolo.
É grave! Bolsonaro tinha a minuta do golpe nas mãos, queria convocar novas eleições e prender os adversários. Levou a armação para a alta cúpula das Forças Armadas e o comandante da Aeronáutica, Almir Garnier, teria topado! E agora, Bolsonaro?! Vai dizer o quê?! Mauro Cid e você…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) September 21, 2023
O fim de semana promete.