Tragédia no Sul é politizada como se Brasil estivesse ainda em 2018

O atendimento às populações desabrigadas, desalojadas, feridas ou que perderam parentes no interior do Rio Grande do Sul foi politizado. Nenhuma surpresa, bastante lástima.

Nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp ainda ativos deve-se estar em algum momento entre 2018 e 2022. Ou em 8 de janeiro. Tome-se a rede social do deputado federal Gustavo Gayer, que já na sexta-feira (8), criticou a primeira-dama Janja por alegrar-se ao desembarcar na Índia para a reunião de Lula com os países do G-20.

Ele compartilhou o seguinte post, não se esquivando de fazer um rápido comentário.

Não ficou só nisso. Logo em seguida, não precisou nem compartilhar. Publicou algo aparentemente de lavra própria, sobre o mesmo tema:

Mas o negócio escalou. Uma cidadã no domingo (10) produziu um vídeo que buscava espalhar a ideia de que entregar donativos num centro de atendimento de Lajeado (RS) era uma ação vetada até a suposta chegada do presidente Lula, que queria fazê-lo pessoalmente para explorar algum dividendo eleitoral com isso.

Após contra-ataque do governo, Gayer deu guarida em seu ex-Twitter a um segundo vídeo dessa mesma pessoa em que diz que houve vazamento de vídeo anterior, que, claro, era restrito a um grupo privado.

O governo federal, contudo, parece não estar mais disposto a transigir com esse tipo de coisa. O secretário da Comunicação Social, Paulo Pimenta, disse que a autora foi identificada e será punida.

Houve mais. Nesta segunda (11), o governo federal decidiu seguir atacando na frente institucional. O Advogado Geral da União, Jorge Messias, o já famoso Bessias, disse que pediu à Procuradoria Nacional da Defesa da Democracia “imediata instauração de procedimento” contra o jornalista Alexandre Garcia (ex-TV Globo e CNN, hoje Oeste), por “campanha de desinformação”.

Garcia disse, em vídeo, que o PT está também por trás da tragédia no Rio Grande do Sul. “A chuva foi a causa original, mas em governo petista foram construídas, ao contrario do que recomendavam as medições ambientais, três represas pequenas que aparentemente abriram as comportas ao mesmo tempo. Isso causou uma enxurrada (…) que matam pessoas, porque a água vem de repente (…)”.

Com tudo isso, conclui-se que a frase de Lula ao se despedir de seus admiradores no ABC, em 2018, às vésperas de se entregar à Polícia Federal, a de que ele havia se transformado numa “ideia”, pode muito bem ser aplicada, veja só, a Jair Bolsonaro.

O governador gaúcho, Eduardo Leite, teve de endossar a ajuda do governo federal, tão polemizada nestes dias.