Revista Poder

Com taxação de ricos no Congresso, desigualdade domina live de Lula

Presidente usa programa semanal para defender capacidade do estado de “indignar sociedade” que acha normal ver pobre passando fome

Lula || Crédito: Ricardo Stuckert/PR

Assim como fazia Jair Bolsonaro em suas lives noturnas, Lula repisa seus temas de eleição e conta histórias parecidas, quando não exatamente as mesmas, em seu monólogo – digo, diálogo – semanal com o entrevistador Marcos Uchôa, ex-repórter da TV Globo que em 2022 abortou uma candidatura a deputado federal pelo PSB fluminense na undécima hora.

A live presidencial desta manhã de terça-feira (29) girou novamente em torno do tema da desigualdade social e de oportunidades, e o esforço que ele, como chefe de estado, pretende empreender para mudar essa situação. Outros temas de eleição apareceram, como o pleito histórico por mudanças no Conselho de Segurança da ONU – com a entrada do Brasil nele –, nova tentativa de reconstrução de uma indústria naval no Brasil e acenos para o micro e médio empreendedor, que pode ensejar um novo ministério para acomodar a base aliada.

Lula usa recursos intuitivos de storyteller para passar seus recados. Como dizer ter ouvido uma conversa de um empresário a seu filho dizendo que imposto de herança nos Estados Unidos é 40%, e, no Brasil, 4%; ou falar, pela enésima vez, que o sujeito que sai para procurar emprego um dia se cansa e prefere nem mais sair de casa com vergonha de ser visto “vagabundando”. “Ele deixa de ir jogar dominó no bar”, disse.

O presidente usou mais de uma vez a expressão “indignar a sociedade”. Para ele, ver pobre “passando fome” no Brasil virou algo normal, como se isso “fosse coisa de Deus”. “É coisa de Deus coisa nenhuma”, disse. Tudo isso serviu para o presidente, em dado momento, comentar os projetos de lei de taxação dos super-ricos e de valores mantidos em offshores enviados pelo Executivo para o Congresso Nacional na segunda (28).

Lula falou ainda um pouco de sua agenda, que tem viagens marcadas para Piauí e São Paulo (pautas do desenvolvimento social e educação, respectivamente) e depois para a Índia, para encontro do G-20.

Disse ter parabenizado o primeiro-ministro Narendra Modi, da Índia, pelo sucesso em sua primeira missão lunar; Modi então lhe teria falado que outros vários foguetes são desenvolvidos por estudantes em seu país. Isso deu azo para o presidente falar no acordo para levar uma sucursal do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), baseado em São José dos Campos (SP), para o Ceará – os alunos cearenses historicamente se destacam no difícil vestibular da instituição.

Também falou em fundar uma faculdade de matemática para o Rio para que os superdotados tenham condição “de ser gênios”.

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