O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, ficou conhecido pelo corruptela “Bessias” quando, em março de 2016, era subchefe para Assuntos Jurídicos da presidente Dilma Roussef.
“Bessias” foi citado por Dilma, em telefonema a Lula, como a pessoa que iria levar o termo de posse para o atual presidente, que tornar-se-ia assim ministro-chefe da Casa Civil numa tentativa desesperada de salvar o governo Dilma do impeachment, dada a suposta capacidade política de Lula em se entender com o parlamento.
Mas o então juiz federal Sergio Moro recebeu o áudio interceptado pela PF, divulgou-o mesmo sem poder fazê-lo – depois Moro entraria para a história com seu famoso pedido de “escusas” – e o ministro do STF Gilmar Mendes achou por bem impedir liminarmente a posse de Lula.
Tudo isso é muito rocambolesco e ficou um tanto no passado, mas “Bessias”, que não se sabe se ganhou o “B” por conta da voz anasalada de Dilma ou pela precariedade da gravação, agora está à frente da AGU.
E a AGU concluiu parecer nesta terça (22), a pedido do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), que permite que a Petrobras passe a driblar a restrição do Ibama para a instalação de um poço de exploração de petróleo no Atlântico na polêmica Margem Equatorial.
Esse poço faria um estudo de potencial petrolífero, ainda muito antes de efetivamente iniciar verdadeiramente a exploração do óleo.
Trata-se de uma derrota para Marina Silva (Meio Ambiente), que já havia verbalizado não acreditar que o mesmo presidente Lula a quem Bessias acabou não levando o papel assinado por Dilma endossaria o pedido de seu ministro de Minas e Energia pelo parecer. Mas, sim, a AGU defende o governo. Ou a parte mais forte dele.
(E Bessias, como nota final, está aqui mais ou menos como aqueles personagens que surgem uma única vez em biografias, ganham essa menção solitária no texto e outra, eventualmente, no índice onomástico, a fim de encorpar os números da obra.)