Revista Poder

Eduardo Leite

Governador gaúcho explica com angustiante sobriedade por que leva ao ministério público representação por homofobia contra Jean Wyllys

Eduardo Leite || Crédito: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

Feliz ou infelizmente não há nada, em nenhum campo, que não possa ser objeto da política, da política dos grandes lances e também da política miúda. Ainda que isso também fosse do campo das relações humanas, a demora do governador gaúcho, Eduardo Leite, em se revelar publicamente gay era política; a revelação, idem.

Assim, cumpria a Leite levar ao ministério público a ofensa homofóbica a ele desferida por Jean Wyllys, este também gay, que recentemente retornou de exílio voluntário na Alemanha para juntar-se à brigada digital do PT. Não fazê-lo seria um gesto pouco plausível e incoerente.

E explicar a razão da representação ao MP gaúcho, em vídeo, com argumentos bem escandidos, como Leite fez nesta quinta (20), é mais do que político — tem dimensão, dir-se-ia, eleitoral. Com quase angustiante bom-senso, com torturante sobriedade, Leite coloca mais um tijolinho na imagem de “radical de centro”, para usar a imagem do falecido Bruno Covas, que o governador tão bem burila para si.

(Resta saber se o espaço dos “nem-nem” vai se abrir em 2026 — os sinais não são promissores –, mas isso é outra história.)

Leite começa citando as interpelações judiciais que moveu outrora justamente por ataques homofóbicos, desferidos então por luminares da direita: primeiro, o ex-deputado Roberto Jefferson; depois o próprio Jair Bolsonaro, quando presidente. E aplica o touché para dizer que o “preconceito, a discriminação e a homofobia não podem ser tolerados”, “não interessa a cor da bandeira que [alguém] carrega”.

Ficou pequeno pro Jean.

Sair da versão mobile