Revista Poder

Lula e o “ansioso” Gabriel Boric convergem em crítica a mundo desenvolvido na Bélgica

Apesar da comoção em torno da “inexperiência” do presidente chileno expressa por Lula, sul-americanos pedem isonomia a europeus e atacam sanções a Venezuela

Lula e Gabriel Boric || Crédito: Ricardo Stuckert/PR

Causou certa comoção a crítica de tom condescendente que Lula dirigiu a seu homólogo chileno, Gabriel Boric, de apenas 37 anos. Boric havia reclamado na terça (18) da dificuldade dos países da América Latina e do Caribe em reconhecer a agressão russa à Ucrânia e o consequente desrespeito ao direito internacional por Moscou num documento final produzido no encontro dessas nações com a União Europeia, em Bruxelas.

Lula nesta quarta-feira (19) chamou Boric de “apressado” e considerou como “extraordinária”a reunião em que o documento criticado pelo chileno foi lavrado. “Eu não tenho porque concordar com o Boric, é uma visão dele. (…) Possivelmente, a falta de costume de participar dessas reuniões faz com que um jovem seja mais sequioso e mais apressado, mas as coisas não são assim”, disse.

Gabriel Boric não replicou nesta quarta-feira a Lula, ao menos segundo quatro dos principais portais de notícias chilenos, La Tercera, El Mercurio, CNN Chile e Meganoticias, que acompanharam a ida do presidente chileno nesta quarta a Genebra, para anunciar o trâmite de entrada de seu país no Conselho Europeu de Investigação Nuclear (CERN). Boric visitou o maior acelerador de partículas do mundo, que fica nas instalações do CERN em Genebra.

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Numa visão “macro”, de toda forma, parece ter havido pouca dissonância no discurso dos dois líderes durante o encontro, já que ambos manifestaram altivez e exigiram isonomia aos parceiros europeus. Lula vem falando claramente disso ao reclamar das exigências da União Europeia no amarradíssimo acordo com o Mercosul. E Boric também foi na mesma linha:

“É necessário que desde a Europa se veja e entenda a América Latina e o Caribe como sócios iguais, em condição de igualdade. E creio que ainda falta muito a avançar em termos culturais nessa direção”, disse.

Ambos também são céticos em relação às sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos à Venezuela e a Cuba. Boric foi cristalino: “[As sanções] não aportam uma solução ao problema da Venezuela”. Já o bloqueio econômico a Cuba “não aporta em nada ao povo de Cuba”.

 

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