O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que praticamente todo dia é alvejado por críticas do presidente Lula, talvez tenha sido nesta segunda-feira (17) a figura do noticiário político-econômico mais lembrada por atores do meio e por jornalistas — sim, lembrada, mas não efetivamente citada.
Ocorre que nesta segunda foi divulgado o resultado de maio do índice de atividade econômica do Banco Central (conhecido pela sigla IBC), e o resultado, de -2%, foi bastante ruim. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi um dos que não precisou citar Campos Neto para mostrar sua decepção com o número, que é considerado um indicador para o PIB.
“Foi um resultado esperado. O juro real é muito elevado. A pretendida desaceleração do Banco Central chegou muito forte. Precisamos ter cautela com a manutenção de uma taxa real de 10% . Está muito pesado para a economia”, disse, num “quebra-queixo” com jornalistas.
Campos Neto vive a reclamar que não se deve “fulanizar” em sua pessoa as decisões do Comitê de Política Monetária, que vêm mantendo nas alturas o nível da taxa de juros brasileira. Trata-se, afinal, de uma decisão colegiada. Nesta segunda-feira ele não precisou recorrer ao argumento.
O dito mercado, que parece viver certa lua-de-mel com o ministro da Fazenda, não se deixou abalar pelo número. Analistas mantiveram previsões do PIB para a casa dos 2% em 2023 e a bolsa de São Paulo não derrapou. Ao contrário, subiu 0,43%.