Revista Poder

Governadores aproveitam anúncio de fim da escola cívico-militar para acenar ao conservadorismo

Ministro da Educação, Camilo Santana, indica interrupção do programa federal, sem interferência nos estados; Zema, Tarcísio e Castro dizem que manterão instituições

Camilo Santana, Romeu Zema, Cláudio Castro e Tarcísio de Freitas || Crédito: Ricardo Stuckert/PR/Gov-SP/Isac Nóbrega/PR/Mônica Andrade/Gov-SP

Funciona assim: quando tudo está indo bem, as notícias positivas emanam diariamente, surge algo razoavelmente sensato que é divulgado e virado pelo avesso — e dá-lhe gestão de crise. A informação de que o governo fecharia as escolas cívico-militares, projeto caro ao bolsonarismo, foi sucedida por manifestações de diversos governadores dizendo que não seguiriam os ditames do governo federal.

Ocorre que governos e municípios têm autonomia, e as escolas em questão são unidades sob gestão do governo federal — cerca de 200, ou 0,15% das escolas públicas brasileiros, segundo informou o ministro da Educação, Camilo Santana.

Mas isso é detalhe para quem está na oposição, ainda que moderada.

Cláudio Castro, governador do Rio, publicou nesta quinta (13), em fio de três tuítes, a informação de que manterá as escolas. “O nosso Estado tem longa tradição na formação militar do pais. É uma vocação! Temos 16 unidades no Rio que já trabalham com gestão compartilhada com as forças armadas e militares do estado. Atendemos aproximadamente 10 mil alunos.”

De São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas foi na onda: “Fui aluno de Colégio Militar e sei da importância de um ensino de qualidade e como é preciso que a escola transmita valores corretos para os nossos jovens. O governo de São Paulo vai editar um decreto para regular o seu próprio programa de escolas cívico-militares e ampliar unidades de ensino com este formato em todo o Estado”.

Romeu Zema, governador mineiro, ecoou: “Em Minas as escolas cívico-militares continuarão funcionando com Gestão compartilhada dos Bombeiros MG. A tradição, a disciplina e o prestígio de uma das instituições mais respeitadas do mundo, agora se une ao trabalho de ensino dos Mineiros. Aqui a educação é sempre prioridade.”

Com tudo isso, coube ao ministro da Educação, Camilo Santana, ex-governador do Ceará, vir a público e dizer que mesmo as 202 escolas integrantes do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim), não serão fechadas — haverá uma transição para o modelo “civil”.

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