Revista Poder

Morre Zé Celso, um dos dramaturgos mais emblemáticos que o Brasil já teve

Internado na UTI, ele não resistiu às queimaduras provocadas por incêndio em seu apartamento

Zé Celso || Crédito: CC/WikiCommons/Produção Cultural no Brasil

José Celso Martinez Corrêa faleceu na manhã desta quinta-feira (6). Com mais de 50% do corpo queimado, ele estava internado na UTI do Hospital das Clínicas de São Paulo desde a última terça-feira (4). Tinha 86 anos.

Paulista de Araraquara, Zé Celso foi criado em uma família de sete filhos. Sua mãe, dizia-se, era uma espanhola de sangue quente e o pai, uma figura mais dócil, que incutiu nele o amor por arte e literatura.

Foi na faculdade de Direito do Largo do São Francisco que Zé Celso conheceu Renato Borghi e Amir Haddad. Juntos, fundaram o Teatro Oficina, em 1958. A ideia do trio era fazer frente às referências europeias do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e aos exageros nacionalistas do Teatro de Arena, com espetáculos que garantiam um diálogo permanente entre atores e plateia.

Cenas memoráveis
Zé Celso liderou montagens lendárias como a de O Rei da Vela, que estreou em 29 de setembro de 1967. A peça, que foi escrita por Oswald de Andrade quatro décadas antes, é uma sátira à política e à subserviência do Brasil em relação aos países ditos desenvolvidos – isso em plena Ditadura Militar.

Roda Viva, escrita por Chico Buarque, que estreou em janeiro de 1968 no Rio de Janeiro acendeu a luz vermelha nos órgãos repressores. Na temporada paulistana, homens encapuzados e com cassetes invadiram o Teatro Ruth Escobar para espancar os atores.

Recentemente, uma de suas cenas mais emocionantes – essa da vida real – aconteceu no próprio Teatro Oficina, onde foi celebrado seu casamento com Marcelo Drummond, no dia 6 de junho.

Zé Celso tinha – e tem – muitas histórias para contar. Afinal, como ele mesmo escreveu: “Tudo é tempo e contra-tempo! E o tempo é eterno. Eu sou uma forma vitoriosa do tempo.” Em um post no Insta, Marcelo Tas se lembrou de outra: “Eu não sou de resistir, sou de reexistir”.

A edição de junho de 2015 da revista PODER trouxe uma entrevista e um ensaio fotográfico do artista. Abaixo, um vídeo feito pelo Glamurama durante a reportagem.

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