Dificilmente uma CPI parlamentar despertará tanto a atenção geral quanto a da Covid-19, no Senado, em 2021. Mas a CPMI (“m” de mista, por envolver deputados federais e senadores) dos atos de 8 de janeiro, pela gravidade dos fatos e por novamente colocar em polos completamente opostos progressistas e conservadores/reacionários, ou seja, bolsonaristas — ambos tentando imputar ao grupo rival a responsabilidade pela invasão dos palácios brasilienses no segundo domingo de janeiro –, vai fazer seu bom quinhão de barulho.
Como é normal no Congresso, a indicação dos comandantes da comissão (presidência e relator, basicamente) já gerou reclamações, com o senador Marcos do Val (Pode-ES), o carinha da Swat, dizendo que a sessão, que ocorre nesta terça (6), começou “com o pé esquerdo” por conta de a relatora ser Eliziane Gama (PSD-MA), que, para Val, é próxima do conterrâneo Flávio Dino, ministro da Justiça que estaria, na visão dos oposicionistas, por trás das ações terroristas.
Para variar, o infatigável Eduardo Girão (Novo-CE), desta vez sem citar Gandhi, propôs respeito entre todos os seus pares para logo fazer ilações contra o governo. Para ele, a quantidade de parlamentares maranhenses na CPMI poderia ser uma tentativa de “blindar o governo”. Claro que Girão se escusa na terceira pessoa — “lá fora todo mundo quer saber” — para não dizer que é ele e sua grei que, na verdade, querem saber.
No mais, mais do mesmo: Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não poderia estar na comissão, ainda que suplente, uma vez que seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, deverá ser objeto de investigação.
Sem personagens com a malícia e a picardia dos senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e até mesmo de Omar Aziz (PSD-AM) , a nova temporada não parece que vai trazer tanta audiência à TV Senado.