Revista Poder

Em votação da MP, deputados comovem com palavras sentidas — e bolsos cheios

Com verbas de emendas liberadas, deputados aprovam MP da Esplanada, mas antes da votação fazem questão de se dizer "tristes" e "insatisfeitos"

Kim Kataguiri || Crédito: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Chegaram a causar comoção as palavras dos deputados federais, notadamente os oposicionistas, em seus discursos durante a longuíssima sessão que aprovou a MP da reformulação ministerial nesta quarta (31).

Tristeza, mágoa, ódio, decepção e desapontamento com Lula 3. Foi o que se ouviu. Era preciso mostrar desacordo com a liberação de mundos e fundos pelo Executivo, dinheiro que faz e desfaz maiorias e sedimentou a vitória governista na noite de quarta-feira. Quem mais vociferava contra Lula 3 era, possivelmente, quem mais conseguia um dinheirinho suado para suas emendas paroquiais.

Kim Kataguiri (UB-SP), por exemplo, disse que a vitória do governo, que então já se desenhava, seria uma “vitória de Pirro” e profetizou que a “oposição terá 300 deputados” e que a “hora” do governo “irá chegar”. “E eu vou ter o prazer de, quando esta hora chegar, estar segurando o relógio.”

Waaal.

Mais comovente foi Doutor Frederico (Patriota-MG), que leu “tristeza” em toda a Câmara e mais ainda no “presidente Arthur Lira”. “Esse governo não vem dando sinais de confiança para ninguém. Ninguém está satisfeito.”

Alguns deputados do Psol, da base governista, como Fernanda Melchionna (RS), fizeram questão de mostrar seu alinhamento programático com o Executivo, mas lamentaram o esvaziamento das pastas do Meio Ambiente e Povos Indígenas.

Tudo por conta do relatório escrito por Isnaldo Bulhões (MDB-AL), que teria ficado sem qualquer defesa do governo, na dura que deu ao longo do dia Arthur Lira.

O líder do Governo na Câmara Federal, José Guimarães (PT-CE) ,tentou contemporizar e chamou o relatório, tão atacado por seus colegas, de “obra-prima”.

A MP agora tem de ser aprovada nesta quinta-feira no Senado. Caso não seja, a MP caduca e o governo tem de retomar a organização ministerial dos tempos de Bolsonaro.

 

 

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