Lula cumpriu aquilo que as especulações davam como líquido e certo: a indicação de seu advogado pessoal, Cristiano Zanin, para uma das cadeiras do STF.
(Certamente foi o próprio Lula e seu “inner circle” que alimentaram as especulações, como forma de ir tornando o nome de Zanin mais palatável).
Nesta quinta (1º), depois que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cumpriu ele também sua parte do plano e deu o “on” que ninguém ainda tinha, confirmando que o “homem” era mesmo Zanin, Lula falou com jornalistas.
A justificativa que deu sobre Zanin é puro pensamento mágico, ou seja, não justifica nada, está no âmbito estrito da fé. Disse o presidente:
“Acho que todo mundo esperava que eu fosse indicar o Zanin. Não só pelo papel na minha defesa, mas simplesmente porque acho que o Zanin se transformará em um grande ministro da Suprema Corte do país”.
“Conheço as qualidades como advogado, como chefe de família e conheço a formação do Zanin.”
Ah bom!
Zanin, como se sabe, precisa ainda ter seu nome referendado pelo plenário do Senado. O trâmite começa na CCJ, com o presidente da comissão, Davi Alcolumbre (UB-AP), agendando uma data para que Zanin convença o colegiado de que deve ocupar a cadeira deixada há dias por Ricardo Lewandowski.
O advogado não tem mexido em sua conta no Twitter, em que se define como especialista em “litígios definitivos e lawfare”. Nada falou da indicação. Sua última postagem tem uma recomendação de Feliz Natal.
Hoje senador pelo Paraná e oponente de Zanin quando julgou Lula, o ex-juiz da Vara Federal de Curitiba Sergio Moro rechaçou a indicação com pouco entusiasmo. Na verdade, seu tuíte foi um primor de contenção:
“A nomeação de um advogado e amigo pessoal do presidente da República para o Supremo Tribunal Federal não favorece a independência da instituição e fere o espírito republicano”, escreveu o ex-juiz, ex-ministro de Bolsonaro e ex-consultor a serviço da transnacional Alvarez & Marsal.