Revista Poder

Mercado começa a falar de “credit crunch” e ofusca argumento de Campos Neto

Crise de crédito catalisada pela taxa de juros mantida nas alturas pelo Banco Central de Roberto Campos Neto já é vivida pelo setor produtivo, e agentes financeiros se preocupam

Roberto Campos Neto e Luis Stuhlberger || Crédito: Marcos Corrêa/PR/Divulgação/Verde Asset

A ameaça de uma restrição geral de crédito, verbalizada por alguns agentes do mercado e, mais profundamente, pelo setor produtivo açodado pela taxa de juros na estratosfera, está a retirar o argumento de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, instituição que vem mantendo a Selic em níveis historicamente altos.

A debacle bilionária das Lojas Americanas e os resultados menos expressivos divulgados pelos bancões deram mais munição para os que pedem a redução imediata da taxa de juros – caso do presidente Lula e de economistas como André Lara Resende.

Na última carta aos investidores, os gestores do fundo Verde, de Luís Stuhlberger, já falam explicitamente em crise de crédito (“credit crunch”, como preferem). “Há sinais de um incipiente credit crunch atingindo a economia brasileira, cujo enfrentamento requer boas políticas públicas e não bravatas. Não por acaso os prêmios de risco dos ativos brasileiros seguem bastante altos”, dizem.

(As bravatas, claro, são como eles, eminências do mercado, chamam as manifestações do presidente da República sobre juros.)

Reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico desta sexta (10) ouve agentes do mercado. Alguns relativizam a ameaça da crise de crédito e liquidez, ainda que enxerguem – um deles, ao menos – um “mini credit crunch” já em curso.

“O dinheiro ficou mais caro, a margem foi comprimida pela inflação e há menos crescimento contratado para o futuro. Muitas empresas terão o desafio de honrar seus serviços de dívida ou refinanciar o que está vencendo. Há menos dinheiro à disposição, e o que tem, está mais caro”, disse ao Valor Guilherme Ferreira, da Jive Investments.

 

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