Assim como na música famosa do Coldplay, ninguém disse que iria ser fácil. Mas a conta para o governo Lula 3 extrair coesão e o voto de parte expressiva da bancada de 59 deputados federais do União Brasil parece estar passando largamente do razoável – tomando como razoável a cessão de três ministérios a pelo menos duas figuras bastante problemáticas.
Nesta quinta (9), o jornal Correio Braziliense publicou uma entrevista com o deputado Arthur Maia (UB-BA), que voltou à Câmara Federal para um quarto mandato. Em 2022, ele angariou algum poder, ainda que não, claro, o poder de seu xará alagoano, Arthur Lira: Maia foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Pois bem, na entrevista, Maia dá seu recado: “Não tenho motivos para votar com o governo pelos ministérios. Nem a favor, nem contra. Simplesmente estive alheio a toda e qualquer discussão a respeito de ministérios, e o mesmo acredito que vale para toda bancada do União Brasil”.
Maia contextualizou: “Não conheço a pessoa do ministro da Integração Nacional e não vejo o que um ministério como os das Comunicações possa contribuir para o partido. O do Turismo assumiu uma ministra muito na base, mas eu, em momento algum, fui chamado para tratar de qualquer tipo de participação que eventualmente o ministério possa ter para o meu estado. Não se trata quantidade e, sim, da forma como o diálogo foi feito e da qualidade dos ministérios”.
Com tudo isso, o deputado, que, como quase todos os demais 512 da Câmara Federal, tem um lado fortemente pragmático, ofereceu a outra face, inserindo em suas respostas uma sentença-chave: “Não estou dizendo que não há possibilidade de avanço. Se os ministros estiverem dispostos a diálogos com os membros, é possível que exista um avanço, mas neste momento não existe”.
Ah bom!
Os cardeais do União Brasil, os deputados Luciano Bivar (PE) e Davi Alcolumbre (AP), este último eleito para suceder Maia na CCJ e tido como responsável pelas indicações ministeriais; e o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, o Netinho, têm, estrategicamente, ficado de fora, ao menos publicamente, dessas conversas.