Revista Poder

RUMO AO CARBONO ZERO

O Brasil está avançando para fazer com que os veículos a combustão fiquem para trás. Ainda temos um longo caminho a percorrer e a iniciativa privada não tem medido esforços para descarbonizar a frota nacional

A queima de combustíveis fósseis (derivados de petróleo, carvão mineral e gás natural) está entre as atividades humanas que mais contribuem para o aquecimento global. E, nesse sentido, veículos com motores a combustão têm uma contribuição significava no aumento da emissão de gases de efeito estufa. Felizmente, existe um movimento mundial, apoiado em regulações cada vez mais rígidas, para reduzir a dependência desse tipo de transporte.

Os números mostram isso. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), o crescimento das vendas de veículos elétricos e híbridos plug-in está ganhando velocidade. Em 2019, foram comercializados 2,2 milhões de carros eletrificados no mundo, número que subiu para 6 milhões em 2021. O Brasil também está nessa corrida e, este ano, atingiu a marca de 100 mil veículos eletrificados. O dado é da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (Abve), entidade que atua junto às autoridades e às empresas relacionadas ao setor automotivo para incentivar o desenvolvimento e a utilização dos veículos elétricos (VEs).

Grandes montadoras, como Nissan, Volkswagen e Volvo, só para citar três exemplos, já aderiram ao movimento de descarbonização dos veículos. Companhias de outros setores também vêm fazendo a sua parte. É o caso da JBS, a maior empresa de alimentos do mundo, que está empenhada em promover a eletrificação de suas frotas como parte de seu compromisso para se tornar Net Zero até 2040 – o que significa zerar o balanço líquido das emissões de gases causadores do efeito estufa em toda a sua cadeia de valor.

O PLANETA AGRADECE

Uma das iniciativas mais importantes nesse sentido é a criação da No Carbon, empresa da JBS Novos Negócios especializada na locação de caminhões frigoríficos 100% elétricos que, inicialmente, vai atuar nas operações logísticas da Friboi, Seara e Swift. “Com a No Carbon, a JBS cria um negócio de locação de caminhões elétricos que irá trazer escala à utilização desses veículos no transporte de cargas no Brasil, um país com elevada dependência do modal rodoviário na área logística”, afirma Susana Martins Carvalho, diretora executiva na JBS Novos Negócios. Segundo ela, a nova frente representa a abertura de um campo com grande potencial de crescimento e colabora com o objetivo da empresa de trabalhar de maneira cada vez mais sustentável.

A Friboi, que é líder no segmento da carne bovina e uma das empresas da JBS, vai ampliar sua frota de caminhões elétricos refrigerados de dez para 53 veículos até janeiro do ano que vem. Os veículos da empresa irão rodar no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Goiás, Ceará, Pernambuco, Bahia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal. Sistemas de recarregamento estão sendo instalados nos Centros de Distribuição da Friboi nesses locais. “A expansão da frota de veículos refrigerados eletrificados representa mais um importante passo na transformação de nossas operações logísticas em um modelo de baixo carbono. A evolução da tecnologia e o consequente aumento da autonomia dos veículos nos permitirá, no médio e longo prazos, a ampliação gradual de nossa frota eletrificada”, destaca Gilmar Schumacher, diretor de logística da Friboi.

Reconhecida pela liderança e inovação em diversos setores do mercado de alimentos, a Seara, outra empresa da JBS, também está fazendo mudanças importantes em sua operação logística. Atualmente, a Seara está expandindo o número de caminhões 100% elétricos em sua frota de transporte, que passará a contar com 200 veículos desse tipo até janeiro do ano que vem. “Nosso objetivo é ampliar cada vez mais o alcance de soluções logísticas sustentáveis e de baixo carbono. Por isso, temos como meta ter veículos elétricos em todas as regiões metropolitanas com Centro de Distribuição da Seara”, destaca o diretor de logística da empresa, Fabio Artifon.

 

O FUTURO É ELÉTRICO

Com cerca de 150 km de autonomia, os caminhões da No Carbon têm capacidade para transportar até 4 toneladas de carga e são equipados com baús frigoríficos que levam simultaneamente produtos resfriados e congelados. Cada um desses veículos evita o lançamento anual de 30 toneladas de gás carbônico (CO2 ) equivalente na atmosfera. Além de contribuir para a preservação do meio ambiente, os caminhões elétricos têm baixo custo de operação e de manutenção. Ao contrário dos modelos convencionais, não possuem filtro de óleo, de ar e de combustível, bomba injetora, sistema de escapamento e outros itens que tornam a manutenção de um modelo tradicional até seis vezes mais cara que a de seu similar elétrico.

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