Revista Poder

“NYT” busca lições no Brasil para melhorar democracia nos Estados Unidos

Jornal compara processo eleitoral estadunidense de 2020, que elegeu Joe Biden, com o brasileiro, de outubro; “resultados rápidos e anunciados imediatamente” são desejáveis, explica cientista política

Créditos: CC/WikiCommons/Tyler Merbler/Marri Nogueira/Agência Senado

O jornal The New York Times publicou reportagem neste fim de semana especulando como a democracia estadunidense poderia melhorar absorvendo práticas do processo eleitoral brasileiro. A coincidência de algumas ações orquestradas pelos candidatos presidenciais incumbentes Donald Tramp e Jair Bolsonaro, que lançaram dúvidas sobre a lisura das eleições e instaram seus seguidores a contestar os processos, levou a reportagem a cotejar esses pontos.

O processo eleitoral nos Estados Unidos é caótico, atomizado, sem autoridade específica, feito com tecnologias distintas que acabam por gerar grande “delay” na apuração, muito diferentemente d0 Brasil, cuja totalização de votos é rapidíssima, realizada no mesmo dia das eleições. E tendo como exemplo o 6 de janeiro de 2021 nos Estados Unidos, quando houve a invasão do Capitólio, numa tentativa desesperada de impedir a diplomação do vencedor das eleições, o Brasil, segundo a reportagem, pode se prevenir de riscos semelhantes.

“Com uma previsão de caos semelhante para seu país este ano, os brasileiros reforçaram seu sistema bem antes do tempo. Os líderes do governo acrescentaram testes adicionais às urnas e verificações dos resultados, padronizaram as horas de votação para que os votos chegassem rapidamente e planejaram apresentar uma frente unida assim que o vencedor fosse declarado”, diz a reportagem. O NYT ouviu Bruno Dantas, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), que afirmou que o Brasil “aprendeu com a experiência dos Estados Unidos”.

A reportagem ainda destaca o papel de Alexandre de Moraes, que, como presidente do TSE, “expandiu drasticamente o poder dos tribunais brasileiros sobre o discurso online”. Moraes fez a desinformação (eleitoral) fluir pelas redes com muito menor intensidade, acredita a reportagem, do que se não tivesse agido.

O “NYT” ainda diz que Lula foi declarado vencedor com menos de três horas de apuração. “A comunidade internacional sempre concordou que a melhor maneira de realizar eleições é com resultados rápidos e transparentes que são anunciados imediatamente”, disse ao jornal Pippa Norris, cientista política da Universidade de Harvard.

“Nosso processo [nos EUA] é longo, extenso e mal regulado.”

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