E nós que achávamos que essas coisas só aconteciam ao sul do Equador. O meteórico mandato da primeira-ministra britânica Liz Truss, encerrado nesta quinta (20) com sua renúncia, foi recebido com euforia pelos agentes econômicos de seu país. A “City”, versão londrina da Faria Lima brasileira, comemorou: a bolsa de valores subiu 0,27% e a libra reagiu, valorizando-se quase 0,5%.
Liz foi escolhida em setembro pelo partido Conservador britânico para suceder Boris Johnson, que protagonizou escândalos em série e viu seu capital político deteriorar-se paulatinamente. No caso da primeira-ministra, sua derrocada tem razões 100% econômicas. Seu plano de “crescimento” para 2022, que indicava alíquotas mais baixas na tributação das empresas, mas não indicava fontes de financiamento para o rombo de 45 bilhões de libras previsto com essa ação, caiu em descrédito.
Como consequência, a moeda britânica desvalorizou-se, chegando à cotação mais baixa em relação ao dólar estadunidense durante o mandarinato de Liz.
Liz ficou 45 dias no poder. No meio da crise, o tabloide britânico The Daily Star havia comparado o mandato da primeira-ministra a uma alface, apostando que a verdura iria apodrecer primeiro. A alface, aparentemente, ainda está apetecível.