Francisco, o papa pop, forte, vivaz, inquebrantável, aquele que parece jamais se deixar vergar pelas dificuldades de um pontificado em época particularmente desafiadora, com uma guerra bárbara a campear na Europa, com concentração ainda mais pornográfica de renda pelas classes endinheiradas, com um fluxo incessante de migrantes em busca de condições menos degradantes de vida, este papa teria dado sinais de que, como seu antecessor, quer pegar o boné.
Seus atuais problemas de mobilidade, que o obrigam a se deslocar em cadeira de rodas (veja imagem abaixo), um possível padecimento de câncer, além das dificuldades com a burocracia da Santa Sé, acenderam a fogueira das especulações.
La messe est terminée, le pape quitte la basilique en fauteuil roulant pic.twitter.com/ykuoBRpjOz
— LB2S (@LB2S) July 3, 2022
Houve ainda sinais, alguns um tanto enigmáticos, portanto reveladores, emitidos pelo próprio Francisco. Um deles foi o anúncio de que visitaria a cidade italiana de L’Áquila, onde repousam os restos mortais do papa Celestino V, que, como Bento XVI, antecessor de Francisco, renunciou ao papado.
Outro foi a intenção do papa de organizar um consistório exatamente ao mesmo tempo de sua visita de L’Áquila. Cardeais septuagenários reunidos nesse encontro poderiam ser chamados à razão do novo estado de coisas.
Tudo isso para dizer que o papa desmentiu cabalmente as especulações. Em entrevista à agência Reuters publicada nesta segunda (4), Francisco afirmou que “todas essas coincidências [como o affaire L’Áquila] fazem algumas pessoas pensarem de que certa liturgia está por surgir. Isso nunca esteve na minha cabeça”.
Sobre o suposto câncer, o papa falou que os médicos “nunca lhe disseram nada” sobre 0 tema – que tratou como “fofoca”.
Disse também que pretende, se possível em setembro, visitar Moscou, na Rússia, e Kiev, na Ucrânia, num esforço para mediar e quem sabe interromper a guerra que flagela a Ucrânia.