A expressão “Efeito Orloff” surgiu em algum momento dos anos 1990, importada de um comercial de vodca – comerciais de destilados pesados eram comuns na TV aberta –, para mostrar que as tragédias econômicas pelas quais passava a Argentina logo chegariam ao Brasil. “Eu sou você amanhã”, eis o slogan publicitário do produto.
Muito bem. A Argentina vem sendo sacudida esta semana por uma greve de caminhoneiros. Começou na terça (21) no interior do país, mas nesta quarta chegou aos limites de Buenos Aires, com bloqueios nas saídas das estradas que partem da capital federal rumo a La Plata, Rosário e Córdoba, as principais cidades do país.
A evolução da paralisação provocou a intervenção algo teatral do secretário de Segurança da província de Buenos Aires – ali chamado de ministro –, que foi até um dos bloqueios e exigiu o desmantelamento em “cinco minutos” da ação.
A reivindicação dos profissionais é similar ao do Brasil: compensação pelos aumentos do valor do diesel, mas ali acrescida de ameaça de desabastecimento.
O Brasil ainda não vive a aurora de uma nova paralisação de caminhoneiros, algo que, ironicamente, impulsionou a candidatura presidencial de Jair Bolsonaro em 2018. Mas as estratégias pensadas no Planalto para compensar a categoria, que, segundo cálculos de entidades do setor, enfrentaram um aumento de 30% para encher o tanque desde o começo do ano, não estão a satisfazer a base.
A ideia de ressuscitar o voucher-caminhoneiro – Paulinho Guedes, grande Paulinho – foi bombardeada por Chorão, presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), que chamou o incentivo de “esmola”, conforme publicou o portal UOL.