A última reunião do conselho de administração da Meta Platforms foi tensa, para dizer o mínimo. Apesar de ter acontecido bem depois da divulgação do último balanço da holding dona do Facebook, Instagram, WhatsApp e Oculus (fabricante de equipamentos de realidade virtual), no começo de fevereiro, que continha cifras exorbitantes – faturamento de US$ 117,9 bilhões (R$ 547 bilhões) e lucro líquido de US$ 39,4 bilhões (R$ 182,8 bilhões) em 2021, ou 37% e 35% a mais do que os valores atingidos no ano anterior – o que todos queriam mesmo saber é se Mark Zuckerberg, cofundador e maior acionista da companhia, vai dedicar a maior parte de seu tempo daqui para frente desenvolvendo produtos para o metaverso que acredita serão consumidos pelas massas em um futuro bem próximo.
Na ocasião, os mais indignados eram os representantes dos mais de 4 mil acionistas minoritários da Meta, que culpam Zuck e sua obsessão pelo mundo virtual em 3D pela queda de 34% só este ano no valor de mercado da megaempresa sediada em Palo Alto, na Califórnia, que custou a ele a saída do clube dos centibilionários em dólares americanos. Em tempo: a Meta Platforms tem uma capitalização de US$ 587,7 bilhões (R$ 2,73 bilhões) na bolsa de valores eletrônica NASDAQ, na qual já chegou a valer US$ 1 trilhão (R$ 4,64 trilhões).
Zuckerberg, claro, continua riquíssimo, com uma fortuna de US$ 78,6 bilhões (R$ 364,7 bilhões) no momento, mas para aqueles que possuem apenas alguns papéis da Meta e, em alguns casos, todas as suas economias neles, sua desvalorização é algo bem sério. Investidores institucionais da Meta, como as firmas de investimento Vanguard Group e BlackRock, donas de 7.7% e 6.6%, respectivamente, também demonstraram preocupação sobre aquilo que muitos ainda veem como algo utópico – mesmo apesar de ter movimentado perto de US$ 40 bilhões (R$ 185,6 bilhões) em 2021.
O CEO da Meta, no entanto, não aparentou nervosismo em nenhum momento do encontro corporativo, o que deve ter sido ótimo para o assistente que o multibilionário tem sempre por perto e cuja única função seria secar suas axilas, conforme publicado no livro de 2020 “Facebook: The Inside Story”, de Steven Levy. Além do mais, Zuck já sofreu muita desconfiança no passado, quando procurou investidores, em 2004, para apostar em um certo site de relacionamentos que tinha em mente e para a maioria deles soava como uma “roubada”, e que hoje conta com quase 3 bilhões de usuários em todo o planeta e rendeu até um filme sobre sua história de sucesso.