Os recados que a ala militar tem enviado ao presidente Jair Bolsonaro, como a nota do diretor da Anvisa, Antonio Barra Torres, e as determinações do comandante do Exército, general Paulo Sérgio de Oliveira, que indicou que os militares devem tomar vacina contra a Covid-19 e não espalhar fake news, têm causado desconforto no Planalto.
Na caserna, o que se defende é que Bolsonaro tome alguma atitude rapidamente. O problema é que, qualquer que seja ela, poderá aumentar ainda mais o incômodo geral. Um pedido de desculpas público para Paulo e Torres foi aventado, mas sabe-se que Bolsonaro jamais o faria.
Entre os militares do primeiro escalão, fala-se que, a despeito da falta de equilíbrio entre o governo e as Forças Armadas, Bolsonaro ainda é o preferido das instituições, num cenário de disputa com o ex-presidente Lula.
Para quem pensa em se rebelar, o Planalto tem um trunfo que poderá ser usado a qualquer momento: Bolsonaro foi o único presidente que brigou pela categoria, enchendo ministérios e cargos de segundo escalão com militares. Além disso, pressionou para um regime previdenciário próprio e para um melhor salário para a categoria, algo que vai custar R$ 2,8 bilhões apenas em 2022.
R$ 2,8 bi do meu, do seu, do nosso dinheirinho.
O pão com mortadela, no quartel, virou picanha na brasa.