As piadas de tiozão do zap não faltaram, além de imagens velhas e previsíveis autoelogios. Faltaram máscaras no rosto de quem foi ao Complexo Brasil 21, em Brasília, acompanhar a filiação ao PL de Jair Bolsonaro, de seu filho senador 01 Bolsonaro e do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, ao PL.
Pontualmente às 9h, mais de cinquenta pessoas já estavam no auditório, que começou às 10h30 e reuniu mais de 300 pessoas, segundo os organizadores. Quem chegou primeiro tomou café quentinho, mas depois a bebida esfriou. A água acabou. Sanduíches, sem sal, talvez para não abalar a saúde dos decanos presentes.
Tudo começou com o discurso do senador Jorginho Mello (SC), que usava uma gravata emprestada de Jair Bolsonaro. “O PL está pronto para te receber, presidente”, disse o homem que cerrou fileiras com o governo durante a CPI da Covid-19 em tom quase emocionado.
Valdemar Costa Neto, presidente do PL e dono do negócio todo, foi fazer bonito ao cumprimentar os presentes “em nome das mulheres, das deputadas que estão aqui”, mas errou o nome da correliogionária Magda Mofatto (GO) – disse Mofatta. A parlamentar é dona do maior complexo de diversão de Goiás, o Hot Park, em Caldas Novas, uma figura muito conhecida no Centro-Oeste.
A movimentação na mesa de autoridades, onde apenas o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), usava máscara, começou a aumentar à medida em que Bolsonaro se preparava para discursar. Minutos antes, alguém comentou: “E o papelão do Marcelo?”. Falava-se do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), que já se declarou contra a filiação do presidente no partido e busca uma saída honrosa para deixar a legenda sem incorrer em infidelidade partidária.
Na tal mesa estavam Jair Bolsonaro, Valdemar Costa Neto, o senador Flávio Bolsonaro (RJ), que também vai para o PL, Arthur Lira e os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil) e Flávia Arruda (secretaria de Governo).
Desses aí, apenas Ciro Nogueira foi citado nominalmente no discurso, antecedido por uma oração e pelos gritinhos quase forçados de “mito”.
Também foram cumprimentados com deferência os ministros Paulo Guedes (Economia), Milton Ribeiro (Educação), Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), Fábio Faria (Comunicações), Onyx Lorenzoni (Trabalho e Cidadania) e Tereza Cristina (Agricultura) – chamada pelo presida de “a pequena grande mulher”, expressão que ela detesta.
Parlamentares como Romário (PL-RJ) e Major Victor Hugo (PSL-GO) também tiveram seus nominhos falados por Bolsonaro, o que incomodou, entre outros, a aliada de primeiro momento do governo, deputada Bia Kicis (PSL-DF), que mudou sua expressão corporal, e a governadora em exercício de Santa Catarina, Daniela Reinehr, que estava na cadeira ao lado, ansiosa por um elogio. As duas transmitiram o evento ao vivo pelo Instagram.
Aliás, na página do PL, onde o evento também foi repassado, pouco menos de duas mil pessoas acompanharam a filiação em tempo real. É pouco.