A visita nesta terça (23) do ex-juiz, ex-ministro de Bolsonaro e ex-consultor a soldo de empresas que ele mesmo julgou Sergio Moro ao Senado coincidiu (se é que existem coincidências na política) com a ida do ministro da Economia, Paulo Guedes, à Câmara dos Deputados. Paulinho foi chamado para explicar a offshore que mantém nas Ilhas Virgens Britânicas.
Moro escolheu bem a ocasião para fazer essa reaparição na Casa Alta, já que o Senado começa a apreciar a PEC do Calote, aprovada na Câmara, e há uma alternativa a ela produzida no gabinete de seu correligionário Oriovisto Guimarães, senador paranaense do Podemos. Moro mencionou preços de alimentos básicos e da gasolina, emfim, a pantomima esperada.
Sobrou, claro, para Guedese.
“Paulo Guedes saiu menor que Sergio Moro”, analisa o professor de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Marcos Limeira. Segundo o especialista, “pegar carona” em eventos pré-agendados, como havia sido a sabatina de Guedes, é uma arma política comum. “Como dois candidatos fazendo comício no mesmo dia. Você consegue ver quem está com a popularidade mais em alta pelo volume de pessoas e notícias”, conta.
Paulinho usou seu tempo para dizer que a offshore é “absolutamente legal” e disse que o assunto só rendeu por ser uma – sim, a palavra nunca falha: “narrativa política”.
“Há narrativa política, covardia e desrespeito aos fatos. A pergunta é: existe conflito de interesse? Não”, perguntou e ao mesmo tempo respondeu. afirmou. “Quando se fala em offshore, as pessoas imaginam uma organização com uma porção de gente. Não é nada disso. É uma conta que, por razões sucessórias, tem um representante familiar.”