Revista Poder

Consultoria “butique” de m&a se destaca ao olhar para o interior do Brasil

Solstic muda paradigmas ao captar fora do eixo Rio-São Paulo, monetizar por taxa de sucesso e ter sócios que não são egressos do mercado financeiro

Flávio Batel || Crédito: Divulgação

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão responsável por avaliar operações comerciais entre empresas e supostamente não permitir que elas se tornem monstros monopolistas, engolindo assim a concorrência, bateu em 2021 o recorde de apreciação de negócios de fusão e aquisição desde o início da série histórica, em 2013.

De fato, o ano é considerado bastante bom para os processos de fusão e aquisição no Brasil, ou m&a, na sigla em inglês, apesar da pandemia. No Brasil, que é um mercado estratégico em razão do tamanho de sua população, boa parte das empresas ainda não tem gestão profissionalizada nem são de capital aberto – ou seja, há enormes oportunidades de consolidação.

Nesta terça-feira (23), um escritório que atua na área, o Solstic, celebra num jantar em São Paulo os bons resultados acumulados da empresa, que passou a operar no começo de 2019, quando havia “empoçamento de liquidez”, como disse o sócio Flávio Batel a PODER Online.

“Há ainda no Brasil excesso de liquidez, e, somado a isso, muitas empresas em dificuldade, bons ativos no mercado. Estamos crescendo desde nossa fundação, em 2019, à taxa de dois dígitos, e 2021 com certeza será muito superior aos demais anos”, diz.

Batel reconhece que desde setembro, quando o humor na B3 virou por conta dos ataques às instituições democráticas por Bolsonaro e depois pela implosão dos fundamentos do Teto de Gastos, a situação ficou um tanto enevoada.

A Solstic tem certas particularidades. Tem estrutura de butique, fazendo atendimento muito próximo do cliente, realiza operações fora do eixo Rio-São Paulo (agronegócio e logística são duas áreas críticas) e sua política de remuneração depende exclusivamente do sucesso da operação de fusão que assessora – não cobra, como boa parte do mercado, por fee retainer.

Além disso seus sócios não vieram do mercado financeiro, tendo passado por empresas de diversas áreas – Batel foi country manager da Steelcase, grife norte-americana de mobiliário, e VP da construtora Athié – o que, segundo Batel, os faz conhecerem as “dores” e demandas de seus clientes mais apropriadamente.

Fundindo e consolidando empresas de segmentos diferentes, o próprio mercado de consolidação pratica internamente seus “merges” – Batel menciona a XP, que trouxe estruturas de m&a para dentro da corretora. Mas ser agregado ou consolidado por empresas maiores não está no horizonte da Solstic: “A gente quer crescer um pouco mais, sempre mantendo nosso atendimento personalizado. Eu conheço cada cliente, nos sentamos com todos eles.”

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