O tempo em que o deputado Junior Bozzella (PSL-SP) defendia o presidente Jair Bolsonaro parece hoje tão distante quanto aquele em que seu companheiro Alexandre Frota, hoje no PSDB, também o defendia. Vice-líder do bloco de que o PSL faz parte na Câmara Federal, Bozzella tem feito costuras políticas junto ao Podemos, com a deputada e presidente da legenda Renata Abreu (Pode-SP), para possivelmente embarcar na canoa do ex-ministro Sergio Moro, que se filiou nesta quarta-feira (10) à legenda, em Brasília, e fez discurso inequívoco de candidato a presidente.
Bozzella está no meio de um fogo cruzado: acredita que parte do que ainda é hoje o PSL, antes de sua fusão com o DEM, apoiaria Sergio Moro em sua recém-lançada aventura presidencial, mas precisa ir na maciota com o chefão Luciano Bivar, que quer proeminência no União Brasil, a sigla resultante da fusão.
Bivar não quer ouvir falar de Moro nem pintado. Bozzella falou com PODER Online.
PODER Online – O senhor participou da filiação de Moro ao Podemos? Como avalia esse passo do ex-ministro?
Junior Bozzella – Não pude participar, tinha uma agenda em São Paulo. Sergio Moro vem demonstrando um desejo legítimo de colocar o seu nome à disposição do povo brasileiro na disputa presidencial de 2022. Pelos passos que tem dado e as movimentações que têm feito, nos parece que este seja o caminho que ele deve seguir. A filiação hoje ao Podemos, ao que tudo indica, vai inteiramente neste sentido.
PODER Online – Há possibilidade de o senhor trocar de partido? Quem poderia o acompanhar nessa mudança? É possível uma aliança entre União Brasil e Podemos? Que pautas os unem?
JB – Não há qualquer possibilidade. Eu gostaria muito que todo o polo democrático se unisse em torno do nome que tivesse mais potencial de tirar Bolsonaro do segundo turno, que se unisse àquele que nutre maiores condições e capilaridade. Quem é esse nome? As pesquisas vão nos mostrar isso futuramente. As pautas que nos unem são o combate à corrupção, as pautas liberais, a defesa da democracia e todas as bandeiras alinhadas com a conduta republicana.
PODER Online – Como avalia o desempenho de Bolsonaro?
JB – O desempenho do presidente, como as pesquisas têm mostrado, segue o mesmo curso do nosso país, vai em vertiginoso declínio.