Cultivo sustentável de cacau é exemplo de nova economia

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Combinação de conhecimentos tradicionais e inovação beneficia comunidades locais da Amazônia e promove o desenvolvimento sustentável da floresta

O cultivo sustentável do cacau, entre outros produtos, é a prova de que a nova economia da floresta pode – e deve – combinar conhecimentos tradicionais e inovação para levar desenvolvimento às comunidades da Amazônia. Que o diga o cacauicultor João Evangelista, do município de Novo Repartimento, no Pará. Ele é um exemplo de como o pequeno produtor pode se desenvolver recuperando áreas. Evangelista teve sua amostra de cacau selecionada para a final da mais prestigiada premiação de cacau do mundo, o Prêmio Internacional do Cacau (ICA, sigla em inglês). De um total de 235 concorrentes de todo o mundo avaliados por especialistas, três amêndoas brasileiras estão entre as 50 finalistas, sendo uma delas de Evangelista, que faz parte do RestaurAmazônia, desenvolvido pela Fundação Solidaridad e que é um dos seis projetos que dividem o investimento do Fundo JBS pela Amazônia.

É a primeira vez, desde o início da premiação, em 2010, que uma amostra do assentamento Tuerê foi selecionada. O reconhecimento mostra que o cacau produzido no município de 77 mil habitantes está entre os melhores do mundo. “Eu só produzia cacau comum. Não fazia fermentado, de um jeito que tem um valor diferente”, conta Evangelista. Além de aumentar o valor agregado, o produtor rural descobriu que ao trabalhar com Sistemas Agroflorestais (SAFs) pode se beneficiar do aumento da biodiversidade em suas terras plantando várias árvores nativas, como mogno, tatajuba, itaúba, cedro-rosa, ipê. “Quem planta cacau refloresta.”

Práticas que foram ainda mais favorecidas depois que Evangelista teve contato com o projeto RestaurAmazônia, iniciativa que combina o cultivo do cacau em SAFs com a pecuária com o objetivo de beneficiar 1.500 famílias de produtores assentados ao longo da Transamazônica. O foco é aumentar a produtividade da pecuária de cria; a produtividade de cacau; preservar mais de 30 mil hectares de floresta; reduzir as emissões de gases de efeito estufa e aumentar a renda da comunidade local.

De acordo com João Evangelista, os 4,5 hectares de sua propriedade eram tomados pelo capim. Com o plantio do cacau, a terra foi recuperada e hoje há 6 mil cacaueiros. “Antes, as pessoas derrubavam as árvores, mas eu plantei e hoje elas estão bem desenvolvidas”, diz ele, que acredita que o caminho é manejar a terra sem desmatamento. “Hoje temos ajuda de profissionais para aprender como produzir mais e, ao mesmo tempo, preservar a floresta. Desmatar e colocar fogo são práticas destrutivas que devem ser abolidas”, conclui.


João Evangelista, cacauicultor

Baseada em um modelo de baixa emissão de carbono, a iniciativa pretende identificar o melhor uso de áreas degradadas e promover a adoção de SAFs, que combinam a cultura do cacau e de outras espécies nativas com a vegetação da região. “Essa união garante a sustentabilidade do processo e promove a inclusão da agricultura familiar na cadeia produtiva, a regularização ambiental, a redução do desmatamento e das emissões de carbono e a mitigação de efeitos do aquecimento global”, afirma Rodrigo Castro, diretor da Fundação Solidaridad. Criado em 2021 para dar escala ao programa Territórios Inclusivos e Sustentáveis, e desenvolvido há cinco anos pela Fundação Solidaridad na região, o RestaurAmazônia acabou chamando a atenção da Elanco Foundation, primeira instituição a apoiar o fundo, que vai contribuir com US$ 450 mil ao longo de três anos. 

Considerada a região de maior biodiversidade do planeta e o maior bioma do Brasil, a Amazônia compreende um conjunto de ecossistemas que envolve a bacia hidrográfica do rio Amazonas e a Floresta Amazônica. São mais de 5 milhões de quilômetros quadrados, que abrangem nove estados brasileiros, num bioma onde vivem mais de 20 milhões de pessoas.


Um dos projetos financiados pelo Fundo JBS pela Amazônia levou a produção
de cacau a assentamentos ao longo da Transamazônica e mudou a vida de pessoas

Alinhada com esse pensamento, a JBS, segunda maior empresa de alimentos do mundo e a maior companhia global do setor de proteína, é a principal doadora do Fundo JBS pela Amazônia, participando da iniciativa junto com outros stakeholders. “O Fundo JBS pela Amazônia procura proativamente contribuições e parcerias. Podem apoiar o fundo, empresas ou instituições brasileiras ou internacionais de qualquer segmento e setor, além de pessoas físicas que tenham interesse em ser parceiras de implantação ou investimento financeiro”, diz Joanita Maestri Karoleski, presidente do fundo. A iniciativa receberá inicialmente da JBS e de parceiros R$ 250 milhões ao longo de cinco anos e tem como meta alcançar R$ 1 bilhão em investimentos conjuntos até 2030. O objetivo é impulsionar ações de conservação e preservação da floresta, e o desenvolvimento sustentável da região, que responde por 60% do território nacional – mas cuja renda per capita é 20% menor do que a média brasileira. Saiba como se juntar ao fundo no fundojbsamazonia.org.