Voluntarioso, o empresário Luciano Hang, das lojas Havan, é alguém que consegue se manter no noticiário. Certamente seria diferente se os tempos não fossem bolsonaristas, “corrente ideológica” pela qual o catarinense hoje reza, mas isso não diminui a competência – intuitiva ou não – de sua contínua performance.
Mesmo com o ocaso da CPI da Covid-19 neste fim de setembro, a presença do empresário, como testemunha, na sessão da próxima quarta-feira (29) já conseguiu fazer de sua oitiva uma das mais esperadas das muitas da comissão.
Hang publicou nesta segunda (27) um vídeo em suas redes sociais a manusear uma algema, como que a se antecipar a um desfecho inesperado – ou, por outra, a um desfecho que para ele não seria de todo ruim, já que isso lhe traria ainda mais holofotes.
“Se por acaso eles [os senadores] não aceitarem aquilo que vou falar, já comprei… Para não gastar dinheiro com algema, já comprei uma algema, vou entregar uma chave para cada senador. E que me prendam”, diz Hang no vídeo.
Hang deve ser inquirido sobre a morte de sua mãe, Regina, por Covid-19, nas instalações hospitalares da rede Prevent Senior, que teria ofertado um kit Covid (com cloroquina e ivermectina, entre outros remédios ineficazes contra a doença) para vários pacientes, sem o consentimento deles. A morte de Regina, por Covid, não foi registrada dessa maneira, numa tentativa de validar o tratamento precoce preconizado pela operadora de saúde e por Jair Bolsonaro.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE), integrante da CPI, repercutiu no Twitter nesta segunda-feira a blague hanguista. “Deram muito poder a ele, de mídia, de exposição. Se mostra algemado pra tirar uma graça com a CPI, para dizer que está acima do bem e do mal.”