Revista Poder

Especialistas não veem dificuldade para Bolsonaro “antivax” falar na Assembleia Geral da ONU

Movimento antivacina em diversos países do mundo e reciprocidade na entrada de turistas estrangeiros no Brasil são apontados como facilitadores

Jair Bolsonaro || Crédito: Marcos Corrêa/PR

Se Jair Bolsonaro tem alguma esperança de melhorar sua relação com Joe Biden, poderia tentar perder seu medo proverbial de virar jacaré – ou será que o medo é de seringa?

Já que anunciou sua ida à Assembleia Geral da ONU, que terá os discursos de chefe de estado na próxima terça (21), Bolsonaro supostamente deveria estar vacinado contra a Covid-19. A prefeitura de Nova York, onde fica a sede da entidade, pede comprovação de imunização de todos os participantes – sejam eles chefes de estado ou não. Nesta quinta (16), a própria ONU prometeu se reunir com o conselho para analisar a viabilidade do requerimento.

Ainda que a obrigatoriedade seja derrubada pela organização internacional, Bolsonaro poderá enfrentar problemas de hospedagem e traslado, caso a prefeitura de NY mantenha a proibição.

PODER Online consultou alguns especialistas como o cientista político Antônio Testa, da Universidade de Brasília (UnB), para saber se isso poderia representar um “issue” diplomático.

“Na Europa e em outras regiões, há movimentos fortes contra a obrigatoriedade da vacinação. Assim, não acredito que a ONU obrigue chefes de estado a se vacinarem”, disse.

Para Testa, “a decisão da prefeitura de NY é algo que a ONU conseguiria resolver” e que, se houver uma insistência envolvendo a hospedagem, “existem outros lugares, cidades vizinhas que os não-vacinados poderão ficar”.

Especializado em direito internacional, o advogado Mauro Costa, também ouvido por PODER Online, fala em reciprocidade. “A não exigência de vacinação para entrada de estrangeiros no Brasil poderá ser evocada”.

No Planalto, uma possível vacinação de última hora ainda não foi descartada, dizem assessores. Ainda assim, seria necessário, para eficácia real, que o imunizante fosse aplicado ao menos 10 dias antes da viagem. “Mas isso poderia servir como comprovação de boa vontade do presidente”.

Caso Bolsonaro não possa (ou não queira viajar), um dos ministros poderia representar o país na ONU. “Não é comum, pois é um cartaz internacional, mas não há nada que impeça”, diz o cientista político Evandro Maciel, da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

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