Países pequenos do Terceiro Mundo – do mundo em desenvolvimento, perdão – tem poucas opções para efetivamente dispor de alguma soberania política e econômica. Normalmente são dependentes dos recursos enviados a familiares por quem imigra – essa costuma ser a principal atividade econômica, quando esses países não são jazidas de minério de ferro, de lítio ou poços de petróleo a céu aberto.
É o caso de El Salvador, país da América Central com menos de 7 milhões de habitantes, que dificilmente chega às manchetes mundiais tirante acidentes naturais, guerras fratricidas ou algum destaque artístico-esportivo.
Mas El Salvador se destacou economicamente. Seu presidente, Nayib Bukele, cujo partido controla o Legislativo, adotou o bitcoin nesta semana como moeda oficial, junto com o dólar norte-americano. É o primeiro país do mundo a fazer de um criptoativo moeda nacional.
Mas o bagulho é doido, especialmente porque Bukele decidiu que o bitcoin deve flutuar livremente. A própria legislação indica que o mercado “is king” na determinação do valor do “cripto”. Problema: no mundo, a flutuação da divisa é explosiva. Em junho de 2021, o bitcoin havia perdido quase toda a valorização dos 12 meses anteriores. Nos dois dias da adoção do bitcoin por El Salvador, a moeda vem caindo 5%, em média, ao dia.
De qualquer forma, a experiência é interessante, já que diversas grifes internacionais presentes em El Salvador, como a Starbucks, agora podem viver a quente a utilização desses ativos.