Revista Poder

Arte contemporânea africana é a nova ‘queridinha’ dos colecionadores… e valores disparam

Obras de artistas da África subsaariana superam estimativas e não param de bater recordes em leilões da Sotheby's de Londres

"Vumedi", de El Anatsui, foi vendido por US $ 1,3 milhão

A África está definitivamente na mira da turma das artes. Para Saint-Étienne Yéanzi, artista plástico da Costa do Marfim, a realidade social e política foi responsável por desencadear uma evolução criativa no continente. O mercado de arte contemporânea da África subsaariana vem conquistando cada dia mais colecionadores mundo afora, traduzindo-se em lucros expressivos entre os talentos locais. É o caso de Yéanzi. Segundo ele, o valor médio de suas obras saltou de cerca de US $ 8.000 para US $ 60.000 desde o início de sua carreira, há sete anos.

Talvez o maior exemplo desse crescimento exponencial seja Abdoulaye Diarrassouba, mais conhecido como Aboudia, uma das maiores estrelas do pedaço. “Ele é um daqueles artistas que evoluiu muito bem nos últimos anos”, diz Cécile Fakhoury, que abriu sua galeria em Abidjan, em 2012, e testemunhou o sucesso de Aboudia, que tem um estilo semelhante ao de Jean-Michel Basquiat. “Hoje, as obras dele que temos aqui (na galeria) custam entre US $ 47.000 e US $ 180.000”. Em maio, “Untitled (2015)”, do artista, foi vendido por US$ 232.000, 835% a mais que as estimativas.

Aboudia é uma das maiores estrelas da arte contemporânea africana

Outros artistas africanos consagrados da Etiópia, Zimbábue e Nigéria também ganharam as manchetes internacionais no leilão bianual de arte africana moderna e contemporânea da Sotheby’s em Londres. A obra “Atlas”, do renomado escultor nigeriano Ben Enwonwu, foi vendida por mais de meio milhão de dólares.

“2020 foi o nosso ano de maior sucesso até agora”, diz Hannah O’Leary, chefe de arte africana moderna e contemporânea da Sotheby’s. Apesar de ter sido virtual por conta da pandemia, o evento de outubro passado movimentou mais de US $ 4,4 milhões em obras daquele continente.

‘Atlas’, do nigeriano Ben Enwonwu

Em março, a Sotheby’s novamente superou as estimativas de pré-venda em 40%, lucrando US $ 3,7 milhões em arte de 34 países. O’Leary diz que desde o início dos leilões de arte africana, em 2017, a empresa quebrou 90 recordes mundiais. “Cada vez que quebramos um desses recordes, estabelecemos novos padrões e elevamos a reputação de nossos artistas”, comemora ela.

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