Revista Poder

Em momento pós-pandemia, os chamados ‘retiros psicodélicos’ são a bola da vez

Desde jovens profissionais liberais até investidores proeminentes do Vale do Silício estão aderindo ao polêmico conceito de 'jornada transcendental'

Cogumelos mágicos

Em tempos pandêmicos, viajar com segurança é condição ‘sine qua non’. A procura por locais em que se pode descansar com um certo distanciamento, e cuidar do corpo e da mente também ganhou impulso extra. Mais do que um simples spa, os chamados ‘retiros psicodélicos’ se tornaram a bola da vez mundo afora, dando um novo significado ao já concorrido turismo wellness. Fato é que as pessoas estão buscando um significado mais profundo para suas vidas.

Muitos desses ‘resorts’ oferecem em seu cardápio tratamentos, ainda polêmicos, com microdosagem de psicodélicos naturais com o objetivo de proporcionar ao hóspede algum tipo de alteração benéfica da mente. Segundo relatórios internacionais, a eventual legalização dessas substâncias pode gerar um ‘boom’ na gigantesca indústria de bem-estar, assim como a legalização da maconha.

Considerando que a saúde mental da população mundial tem sido bombardeada por todo o tipo de estímulo negativo nos últimos tempos, é nesse nicho que se fortalece o conceito do uso terapêutico da psilocibina, princípio ativo encontrado nos cogumelos.

Segundo a Global Spa and Wellness Consultancy, essa é uma tendência crescente no turismo e um grupo cada vez maior de pessoas, desde jovens profissionais liberais até investidores proeminentes do Vale do Silício, está aderindo a esse conceito de ‘jornada transcendental’ em busca de uma melhor qualidade de vida.

O objetivo dos retiros psicodélicos, mais comuns na Holanda, México, Jamaica e Peru (agora também nos EUA), é desestressar e desenvolver a autocompreensão por meio de sessões guiadas com base em microdosagem de plantas alucinógenas

Esses locais, muitos deles com instalações luxuosas e diárias que ultrapassam os quatro dígitos, querem justamente desmistificar o uso dessas substâncias, administradas sempre com acompanhamento médico e terapêutico apenas para aprimoramento mental. Para tanto, é oferecida uma dose abaixo do limiar perceptivo que não afetará o funcionamento normal do indivíduo.

No Soltara Healing Center, por exemplo, instalado em meio a uma área de 9 hectares próxima do Golfo de Nicoya, na Costa Rica, as estadias vão de US$ 2.600 a 8.900, dependendo da duração e das acomodações escolhidas. O ponto alto de sua programação é uma cerimônia com ayahuasca conduzida por curandeiros nativos shipibo.

Já em Vancouver, no Canadá, o Journeymen Collective tem como foco infundir bem-estar espiritual no mundo corporativo. Suas cerimônias monitoradas com cogumelos – nas quais de 2 a 5 gramas de fungos psicoativos são misturados com chocolate gourmet –, ajudariam dirigentes empresariais e equipes executivas a alinhar suas companhias com um objetivo maior.

Há apenas um ano, o fungo, conhecido popularmente como cogumelo mágico, chamou a atenção da indústria de turismo quando o Global Wellness Institute o incluiu entre as oito principais tendências de tratamentos do momento. Instituições respeitadas como a universidade Johns Hopkins e o Imperial College London endossam que a psilocibina é eficaz para tratar a depressão relacionada ao câncer e a depressão resistente a medicamentos. Em tempo: esses alucinógenos e tratamentos ainda estão sendo estudados para que sua eficácia seja cientificamente comprovada.

 

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