Em sessão mais rápida do que se imaginava, a proposta de emenda constitucional (PEC) do voto impresso auditável foi rechaçada no plenário da Câmara Federal na noite desta terça (10).
O resultado foi de 229 a 218 a favor do voto impresso, mas eram necessários 3/5 do plenário, ou seja 3o8 votos. O quórum foi alto: votaram 448 dos 513 deputados. Houve apenas uma abstensão.
Apenas as bancadas do PSL, do Podemos e do Republicanos foram orientadas por seus líderes a votar em bloco a favor do voto impresso. O PP, presidido até muito recentemente pelo atual ministro da Casa Civil de Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira (PI), liberou seus deputados para decidir como quisessem.
O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), numa manobra inusual, deu sobrevida à discussão após a PEC ter sido gongada na comissão especial montada para discuti-la e decidiu levá-la à votação no plenário. Esse gesto de Lira, ainda que regimental, foi claramente excepcional, e justificado por analistas como uma tentativa de encerrar de vez o assunto.
Pode não ter sido isso, muito pelo contrário, mas fato é que o governo não conseguiu fortalecer sua posição na Câmara no intervalo de poucos dias entre esses dois eventos, e o desfile tabajara dos veículos militares na manhã desta terça (10), visto como mais uma patacoada do presidente na tentativa de mostrar ascendência sobre as Forças Armadas, não deve ter ajudado em nada.
Mesmo com a derrota, há um projeto similar no Senado, e o governo ainda pode manter essa pequena chama acesa na Casa Alta, ainda que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, também já tenha manifestado grande vontade de encerrar o assunto e ter dado à Câmara a voz preferencial.
Foi o ex-presidente Lula que usou a imagem da jararaca, citada por ele para mostrar sua grande capacidade de sobrevivência. Talvez o governo possa se escorar nessa imagem em sua renitente obsessão.