Revista Poder

B3 altera seu índice de sustentabilidade, e especialista saúda

Fabio Alperowitch, crítico histórico do ISE, aprova mais transparência e governança na avaliação das empresas listadas, mas alerta que é preciso esperar para “experimentar o bolo”

Fabio Alperowitch || Crédito: Divulgação

O ISE, índice que colige as companhias de agenda ESG da B3, a bolsa de São Paulo, irá sofrer importantes mudanças em sua metodologia, aumentando a transparência e tornando mais rígidos os critérios de seleção de empresas. A adoção de questionários específicos por segmento em detrimento de um genérico e a divulgação pública das notas das empresas listadas são algumas das novidades, que devem ser implementadas em janeiro de 2022.

A B3 passará a divulgar a nota geral das empresas que participarem do processo de seleção – mesmo as que forem reprovadas – e também as pontuações atingidas em 28 temas analisados (meio ambiente, governança corporativa, capital social, inovação etc.). Hoje essas avaliações permanecem interditadas aos investidores do índice.

No novo momento, a B3 passará a contar com a avaliação de organizações que já fazem esse trabalho, caso do Carbon Disclosure Project (CDP) e da RepRisk, de governança corporativa.  Toma bomba e não participa do ISE quem ficar com nota abaixo de 51 pontos nos últimos dois anos da RepRisk e com avaliação abaixo de C no CDP.

O ISE hoje é composto por 40 empresas, entre elas gigantes como a Petrobras, que, como se sabe, é de uma área pouco afeita à temática ambiental, dado que explora combustível fóssil.

Fabio Alperowitch, da Fama Investimentos, pioneiro entre os gestores de investimentos com temática ESG no Brasil (a sigla não existia quando ele começou, nos anos 1990), saúda as mudanças. “É um grande avanço, uma melhora significativa na robustez do modelo, que deve dar transparência e melhor governança ao índice”, disse a PODER Online.

Como senão, Fabio aponta o fato de não poder avaliar ainda as empresas listadas, algo que só se dará a conhecer em dezembro – “a gente só sabe se o bolo é bom quando o experimenta; por enquanto eu só conheço seus ingredientes”, diz; além disso, para o especialista, há mais enfoque na “empresa do que no planeta”. “Empresas controversas que vão bem na condução de externalidades podem pontuar bem”, diz.

De qualquer forma, ele faz questão de ressaltar que o ISE, índice que para Fabio havia “perdido rumo e sentido”, passa agora por uma reforma “muito bem pensada, tocada por gente séria e que deve significar uma melhora significativa”.

 

Sair da versão mobile