O controle sobre a livre expressão dos atletas que disputam eventos transmitidos globalmente vem se intensificando nas últimas décadas, seja por razões políticas, seja por pressões comerciais.
Em Tóquio, nos Jogos Olímpicos, houve certo relaxamento. O Comitê Olímpico Internacional (COI) permitiu gestos durante a competição, desde que respeitosos com os demais atletas e que não gerem interferências no andamento das práticas esportivas.
Mas seguem as restrições durante a premiação.
E foi justamente no pódio que dois atletas norte-americanos fizeram a manifestação mais famosa de talvez toda a história dos Jogos. Em 1968, na Cidade do México, Tommie Smith e John Carlos, ouro e bronze nos 200 metros rasos do atletismo, abaixaram a cabeça e ergueram um de seus braços, a mão enluvada, marca do movimento Panteras Negras, durante a execução do hino norte-americano.
O COI ato contínuo expulsou os atletas dos Jogos e ainda tentou confiscar suas medalhas, sem sucesso.
Neste domingo (1), algo parecido, em escala reduzida, aconteceu em Tóquio. A norte-americana Raven Saunders, prata no arremesso de peso, cruzou os braços sobre a cabeça durante a premiação, gesto que explicaria depois como uma tentativa de dar espaço às “pessoas ao redor do mundo que lutam e não têm uma plataforma para falar por elas próprias”.
Raven é lésbica e milita por causas LGBTQIA+. Além dela, Kryscina Tsimanouskaya, atleta da Belarus, país que é dirigido por um autocrata que vem esmagando manifestações populares, foi forçada por dirigentes de seu país a se retirar dos Jogos e voltar para seu país, por conta de críticas a treinadores em redes sociais, mas ela conseguiu chamar atenção de policiais no aeroporto de Tóquio e agora busca exílio em países europeus.
O Twitter dos políticos brasileiros ainda não repercute os atos das atletas.