É difícil imaginar que a prisão do ex-presidente sul-africano Jacob Zuma seja a razão última das manifestações que sacudiram nestes últimos dias a África do Sul. Apesar de ser do partido mais popular do país, o CNA (Congresso Nacional Africano), Zuma não é exatamente popular. Ao longo de seus nove anos na presidência, não faltaram escândalos de corrupção que o tinham como beneficiário. Zuma, na verdade, se viu obrigado a renunciar ao posto.
Zuma talvez seja um anti-Mandela.
Pois bem, o ex-presidente foi condenado a 15 meses de prisão por se recusar a depor em investigações sobre sua conduta durante o mandato e decidiu não se deixar levar pelas autoridades policiais. A situação mudou na quarta (7), quando enfim se entregou.
Nesta terça (13), depois de vários dias de saques a lojas em shoppings e ruas comerciais, na esteira de manifestações em tributo a Zuma, o saldo acumulado de prisões é de 700 pessoas. Pior, o de mortes escalou para mais de 72.
Algumas pessoas foram pisoteadas ao tentar fugir da polícia, e morreram.
Em Soweto, onde dez pessoas perderam a vida, um shopping foi saqueado. A população sul-africana vem sentindo como poucas os efeitos da pandemia – o empobrecimento dos mais pobres é uma triste realidade deste 2021.